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sábado, 31 de dezembro de 2011

Direito, esquerdo

Direito. Sempre Direito. Ou quase sempre direito. Juntos deitados na cama, você dava preferencia ao lado da parede, ao lado direito. Juntos no avião, você gostava de ir ao lado da janela, ao lado direito. Na rua andávamos, de mãos dadas, e por segurança você ao lado direito, dentro da calçada. Festa junina os dois perfilados, lado direito. Casamento do meu irmã, padrinhos lado esquerdo, madrinhas ao lado direito. Direito. Sempre direito. Ou quase sempre. Por que dentro de mim, você sempre esteve do lado esquerdo do peito.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Limites

Transito entre limites
o esfriamento da lucidez queima tudo
queima o quarto, apaga o afeto
cinzas e mais cinzas se espalham sem sua retina
tantas mentiras para uma boca tão pequena
sua boca alcançará o amanhã?
Meu nascimento foi um erro médico.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ribalta

Substituo seu amor por uma palavra
E a vida já não passa de desejo
Outro significado para sua resignação
E a Pedra só não é rosa, por hábito
E eu só não sou objeto por ser cômodo
Por me acostumar em me contentar
Agarrar se a vida com a dignidade de um palhaço infeliz
E ter um calvário para todo heroísmo perdido
Serei amador até que a luz se apague
E em minha ribalta só haja intenção

domingo, 25 de dezembro de 2011

Pedaço de carne

Não finja mais que é biologia
essa tua angustia
Não finja que é canção morta
esse teu vazio
Não chame de abstrato e nem de escuridão
Apenas não chame
Não lembre, não mate, não voe.
Deixe assim, pedaço de carne, falta de pele
Do concreto de sua morte, só a calçada em que se deita
Deixe assim, o sol, mosquitos, urubus
encaixe perfeito para teu deserto
Não finja mais que é religião
essa tua falta de Deus
Não finja mais que é literatura
essa tua falta de palavras.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Minhas palavras sonham com teu rosto
Assim como meu rosto elege teu beijo
Tua palavra me lê, seu silencio me costura
Nossas conversas esboçadas no tempo
O sino que embranquece a vida
Abandona sua clareza .

Neruda

Se a veia é torta
O amor sempre será uma tortura
E não há quantidade de sangue que cure
Quando o coração é genuinamente pequeno
Essa minha sangria sem depósito que não supre
Se não cresce em mim, não rasga em ti
O prazer é a repetição automática de um raciocínio
Encarecido, não encaro nenhuma sorte
Da cara e coroa que é tua razão
Pagarei caro por esmaecer sem prestigio
E morrer sem nenhuma moeda
A covardia endurecida, dura
E a ternura perdida em qualquer verso de Neruda.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando tudo é fumaça, só me resta fumar um cigarro.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Nunca esqueci

A verdade é parente da sorte
E os olhos não ficam abertos diante a desventura
De todo troféu, o fel será meu
Sou o que leva a lembrança no sangue
Sou o que perde as brigas na escada
enquanto sobe os degraus de um príncipe
Sou o senso comum da porrada
E a violência é só um desperdício do apego
Eu não vou colher do azar a roleta de suas palavras
Separe o joio de Cristo, o atrito do pagão
que jogarei invenções para todo o ventilador
Enumere quantas vezes Deus te ressalvou
E enferruja essa tua cara de espanto
A verdade aparentemente vence o instante
E os olhos não se fecham diante a bonança
De todo fel, nenhum troféu
Vou erguer o esquecimento do poeta
e orgulhar de minha existência lunática
Enquanto levo para casa um punhado de esquerda, e outro punhado de bravata.

Tango Torto

Enquanto houver essa tortura
Em um tango torto eu desviarei das balas
E um tanto de tato para me perder sem desatino

Enquanto houver esse dissabor
Em um samba desacordado eu fujo
E um tanto de pranto para me perder sem graça

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Esmiuçar

A palavra moída
De um coração miúdo
Por uma vontade amiúde.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Discurso do Rei

Com suas botas de mármore pisou no palco de terra e bradou: - A solidão é uma experiência anônima, que se priva de qualquer beleza. Os aplausos fantasmas sincronizavam o ritmo da pena e o avanço da loucura, nenhum dedo a mais de vertigem. Os punhos interrompiam os sonhos, e cerravam heroicamente o existencial. Invocava ruídos e aflitos, inúmeras mãos, mãos prévias, inúmeros abrigos. Reconhecido, se curvava pela última vez, antes de se deitar entre insetos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Nós, os vivos

A vida é feita de guarda chuvas perdidos e isqueiros quebrados. Penso. Enquanto tento acender um cigarro já molhado. Meus óculos embaçados pelos pingos me impedem de enxergar algo além do fogo. A solidão á essa hora é monocromática e espeta em mim sua cor. Não enxágüe, não derrama. Lembro-me de teu rosto derretendo, tintas improváveis em meu coração. Um gosto de má noticia na boca, outro atropelamento talvez, mastigo o transito que entre meus dentes buzinam em tosse. São Paulo é tão santo sem você, e meu corpo tão endiabrado sem o teu, repito, repito como um alarme, como sirene, como os mortos. Os mortos repetem o que os outros mortos repetem. O homem é a morte do homem. E nós, os vivos ,mal entendemos dos mal entendidos.

Biologicamente Alterado

Depressão é quando deixamos a curiosidade de lado e viramos bichos programados. Tem mais a ver com a biologia do que com a pisque, já que ao tornamos animais não pensantes, não haveria razão para a pisque existir. Mas diferente de todo animal não pensante, que nasce, caça, reproduz e morre, o ser depressivo, é caçado, enjaulado e muitas vezes devorado. A depressão deturpa e altera a biologia do ser humano e não sua mente. O depressivo passa a lutar pela sobrevivência a partir do momento em que a vida se resume a comer e dormir, já que nascer nunca foi uma opção.Quanto a reproduzir, já é pedir demais, não?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Faça você mesmo

Ele que só pensava em suicídio
Quando pela primeira vez assaltado
Pediu pelo amor de Deus que não o matasse.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A loucura é um improviso

A loucura é um improviso, um desvio no caminho enquanto eu corro por indecisão, eu não escolhi ser tão indeciso, cada vez que a dor me dobra, eu me desdobro em dois. Não é por mágica que sorrio chorando, é pelo tempo que me resta. Na minha memória só há espaço para a vaidade, esse meu pensamento que envelhece a cada esforço, são como casas abandonas em pleno inverno. Eu finjo que sou útil enquanto meu veneno é antidoto para os fracos, a indecisão me apoia, o delirio me ergue e a maturidade me faz rei. Eu improviso a loucura, e surpreendo a fé datada, fujo das palavras obvias, quem vai reger o que não está no dicionario?. Meu comportamento é refugio de diploma, naturalmente bem conduzido entre quatro linhas de um poema.

Anti Matéria

As impossibilidades são feitas de palavras sonoramente possíveis, acalentadas pela imaginação e decantadas pela coragem de honrar a liberdade, de prever o alcance e calcular o pulo. A educação me limita, a trivialidade me obriga a ser comum, e o padrão que carrego em meu sorriso desfaz minha crença em ser original. A vida é um molde perecível, das certezas que saem da minha voz, só a felicidade é frágil. As impossibilidades são feitas de palavras sonoramente possíveis, e o irreal são realidades descompassadas em transe de um futuro incerto. O irreal é somente o não desejo de acontecer. Há desejo demais no normal, no morno, nos planos, no chão já caminhado por respeito. E a loucura sobrevoa as entrelinhas, sublinha o destino, a loucura é a trilha sonora da minha sanidade. Inverte, converte o osso em estranheza, unta meu corpo de utopia, e assim poderei rir de todas as promessas que não conheço.Vocé minha anti matéria.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Trauma trópicos

A liberdade era só uma questão de perspectiva, de ótica, as tuas costas eram o meu sopro ou minha corrente, metamorfoseava de acordo com teu corpo, se eram suas costas com meu peito, seu peito com meu peito, nunca dávamos as mãos, pois a liberdade nunca ocorria em paralelas, você girava para encontrar suas asas nas minhas costas, mas no meu peito você via clausura, você segura em meus ombros, e fixava em um ponto, procurando algum aval para decolar vôo, e eu te botava de costas, procurando algum aval para me fechar em prisão, podíamos rodopiar ou esperar que o chão virasse espiral. A cada passo para frente, eu entrava em teu corpo, mas você teimava em rodar, afastando meu vôo, afastando teu canto, enganando minha velocidade. A cada passo que eu dava para trás, você girava ainda mais, enclausurando asas, conforto e ilusão. Podíamos somente nos abraçar, mas tuas mãos não eram tão mágicas para abrigar meu truque, e retina alguma podia ser ludibriada com tua mentira. Talvez haja solidão demais entre pássaro e gaiola, entre cara e coroa, e não há mágica suficiente para dobrar moedas. Era mais fácil dobrarmos, virarmos unha e carne, mas asa que vira do avesso é grade, perderíamos o eixo, desalinharíamos a lógica e em desalinho, cairíamos. Separados éramos estáticos, juntos éramos tempo. Caminhávamos na corda bamba, você asa, eu cárcere, você carcará, eu mão fechada, ou eu pássaro e você gaiola? Girávamos tanto que eu já não sabia do que eu precisava em ti, ficavamos tanto tempo em delírio, que teu peito se tornou minhas costas, fundimos abrigo e liberdade na mesma ilusão, e na ilusão arrebentamos a corda, arrebentamos o destino, nosso cartaz caia, nossas cartas caiam, teu corpo nu, longe do meu, só um corpo nu, sem uma grande invenção, você lamentava,a falta de pele, e meu corpo longe do seu, meu corpo, o ilusionismo completo, já não precisava de tua seqüência, do teu corpo sobreposto ao meu, só precisava do teu vento, do teu sopro e assim eu viraria teu peão para sempre, a rodar, a rodar, a rodar, em um puro egoísmo circular.

O silêncio não quebra taças

Oxigenava meu cérebro de acaso, enquanto respirava a má sorte de não poder simplesmente fugir, o seu toque ressoava em meu gole, emitia o equilíbrio e a harmonia que descia pela garganta. O gosto do passado, o passado em meu copo, você em meu copo, a ilusão á minha frente, suas palavras fantasmas sublinhavam minha bebida, e eu engolia esses fantasmas, que me apoderavam, que te assustavam, mas que era só vertigem. Ás vezes o gole substituía as palavras, substituía meu teto, meu chão, meu rumo. Para meu copo, minha taça, minha lata, eu era o rumo, eu era o teto, eu era o chão. O silencio entrava a cada gole teu, o silencio continha álcool, o silencio era nosso fantasma era o assombro do consumo, do consumado, vidro que repousa o simulacro,o vidro que não corta a embriaguez, mas que cicatriza nossas bocas, o castigo dos lábios dormentes, prensado em nosso crime, o simulacro era a embriaguez, ,e o silencio já não quebrava as taças. Bebíamos sem saber que bebíamos, bebíamos sem saber o que bebíamos,bebíamos sem brindar, mas quem iria brindar um amor morto?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pedaço de ti

Eu cozinhava todos os dias para você, e gostava disso. Segunda, eu fazia seu doce predileto, um bolo de cenoura com chocolate, e você comia só um pedaço, deixando o afeto para as formigas. Na terça eu fazia uma lasanha, mas você chegava em casa, dizia ter comido fora, e da minha lasanha, comia só um pedaço. Todos os dias eu esquentava o café, para você tomar só um gole. Na quarta- feira, eu fazia uma feijoada completa, mas você chegava do serviço completo, e saciado, se dizia sem fome, pegava um pedaço e ia dormir. E os dias foram passando, eu cozinhava só para uma colherada, só para um pedaço, para mim e um pedaço, sobrava comida no prato, sobrava tempo na cama, o que eu não esquentava no prato, esquentava na cama. Você dizia que era bom sobrar comida no prato, pois assim era menos louça para lavar, mas o que você não sabia, é que seria um prazer lavar o prato em que você comeu, eu queria ser uma Amélia para você. Os dias foram passando e eu ainda cozinhava para mim e para você, era um desperdício eu sei, mas eu ainda tinha esperança de você fazer um desses pratos de pedreiro e comer tudo, mas você chegava em casa satisfeito, e ainda assim magro, dizia ter comido em algum bar de esquina, essas coxinhas comunitárias feitas para todos, e eu tinha ciúmes e inveja da mão que ia lavar os garfos que você abocanhou, os copos que teve contato com sua boca. Os dias foram passando e cozinha parecia se despedaçar diminuíram o numero de talhares, o numero de pratos, diminui minha vontade de cozinhar, diminuiu a Amélia dentro de mim, diminuiu minha fome, você dizia que eu comia como um passarinho, mas era você que estava voando para longe. Os dias foram passando e eu cozinhando só para mim, me despedaçando, era como um efeito contrario, quem sabe se você não devorasse o prato, eu não estivesse integra pra você? E na cama eu já não podia me entregar por inteira, pois para mim, você tinha se tornado só um pedaço.

Pregos

Comprei um calendário para nossa casa, mas você nunca pregou o calendário. Comprei um relógio para nossa casa, mas você nunca pregou o relógio. Comprei um quadro para nossa casa, mas você nunca pregou o quadro. Comprei uma imagem de São Francisco, mas você nunca pregou a imagem. Resolvi ir embora, levando o quadro, a imagem de São Francisco, e o relógio. E você parada, inerte, resignada, foi quando percebi que todos os pregos da casa estavam sendo usados para pregar você na parede.

domingo, 16 de outubro de 2011

Da cor do seu cabelo

Na sua casa o quadro só servia para cobrir a parede vazia, era uma tentativa de tapar o sol com peneira, no caso, era tapar a parede com desenhos de girassóis, você emoldurava a enganação em uma tentativa de tapear o sol que pouco batia em sua sala, não que os girassóis precisavam deles, já dizia a música, as flores pintadas não morrem, ou seriam de plásticos?. Eu lembro bem como era sua parede antes do quadro, era um silêncio visual entre a gente, uma distância branda que nos separava , algumas vezes eu projetava ali na lacuna, balões de quadrinhos com diálogos interessantes ou aqueles balões mais arredondados de pensamentos, a sua parede sem o quadro era só uma parede, ao contrário do quadro, que sem a sua parede, já era um belíssimo quadro. Lembro da sua tentativa de ornar a parede com uma cruz, o que deixava nossas conversas bem religiosas, mas que nos censurava quando tentávamos um contato mais íntimo. Depois da cruz, você botou na parede um calendário bem capenga, que transformava os nossos bate papos em uma competição, ganhava quem tinha mais amigos fazendo aniversario no mês, era uma bobagem, mas serviu para mediar o tempo do nosso namoro. Enfim você acertou com o tal quadro, e as primeiras vezes que sentei ao seu lado, e em frente a ele, eu ficava admirado como seu cabelo se camuflava com os girassóis, era quase como uma extensão, e eu já não podia mais ver aquela parede vazia, tinha impressão de que se você retirasse o quadro, você perderia o cabelo, ou pior, eu te perderia. Uma vez, eu até tive esse pesadelo, estávamos nos três sentados no sofá, eu, você, e teus cabelos, falando bobagens, quando alguém de rosto não identificado, entra pela porta e retira o quadro com cuidado, fazendo com que seu cabelo fosse perdendo a cor bem devagar, e no final se tornando somente um pontilhado sem cor, desses pontilhados para se pintar, que encontra em revistinhas infantis, e eu acordava desesperado para ir pintar o desenho. O quadro para mim tinha se tornado uma espécie de retrato de Dorian Gray dos teus caracóis, e eu sabia como isso ia terminar, um dia você simplesmente ia passar a maquina nos teus cabelos, e o quadro iria desaparecer em um segundo, mas eu não podia deixar isso acontecer, eu gostava demais do quadro, para correr esse risco, quer dizer, gostava demais do seu cabelo. Por muitas vezes eu não sabia se te visitava para te ver, ou para ver o quadro, eu tinha perdido a noção do limite entre um e o outro, eu já não lembrava o que tinha por de trás do quadro, o que tinha por de baixo dos teus cabelos, e o que tinha atrás do quadro eram dois segredos indecifráveis, mas eu sabia que um remetia ao outro, a fuga que eu procurava em teu pescoço, era o buraco aberto por de trás do quadro, mas por você fugiria por um buraco? você não estava na prisão, você poderia sair pela porta, pela janela, eu que estava preso nessa ilusão, nesse pesadelo, quem deveria ter feito o buraco era eu, mas não, eu também não queria fugir, e enquanto beijava teu pescoço e sentia teu cabelo ainda molhado do banho, eu imaginava que por de trás daquele quadro havia uma infiltração, e prestando atenção no quadro enquanto eu beijava suas costas, eu até podia sentir o cheiro dos girassóis molhados, contudo não era isso, isso era muito trivial para uma analogia que para mim, atormentava tanto. Eu já não sabia o que fazer, andava na rua, e te imaginava uma medusa, que no lugar de cobras, estavam incutidas girassóis, girassóis no lugar de cabelo, e os girassóis gritavam para serem libertos, era horrível. Ao me deitar tive outro pesadelo, eu te abraçava por trás, ia acariciando suas madeixas, seus caracóis e embaixo desses caracóis eu descobria um ninho de pulgas e piolhos e imediatamente o quadro despencava da parede, revelando uma enorme quantidade de larvas e outros da mesma estirpe, acordei atento e a tempo, lavei meus cabelos, como se fosse o meu que tivesse impregnado de duvidas, incertezas e alucinações e de fato estavam, as paranóias coçavam tanto quanto uma picada, e as neuras eram como pequenos ovinhos me deixando ainda mais confuso. Eu precisava fazer algo, precisava tirar essas idéias do meu couro cabeludo, precisava erradicar esses girassóis, queimá-los, rasgar o quadro, nem que para isso eu fosse feri-la. Resolvi te visitar pela ultima vez, com a missão de descobrir o que estava acontecendo, subi as escadas em Caracol,igual teus cabelos, escada esta, que me deixou mais confuso, mais tonto, você me recebeu linda como sempre, com uma taça de champanhe veio me abraçando, eu olhei para o quadro, olhei para você, tentando por uma ultima vez esclarecer o jogo, o dialogo que havia entre eles, mas eu nunca fui convidado pela aquela conversa, então me fiz de voyeur, deixei o quadro mimetizar, a simbiose acontecer, enquanto procurava pistas entre o emaranhado de seus cabelos, pela cor, pelo volume, era como procurar uma agulha no palheiro, mas eu não procurava agulha, eu procurava alguma chave, o que era mais difícil, pois a chave se camuflava com os girassóis e também com a coloração de seu cabelo, contudo, eu continuei, como mãe que procura piolho no cabelo do filho, como quem procura pimenta na cabeça do século, eu continuei meu trabalho minuciosamente, ela pensava que era afago e se entregava totalmente aos meus braços, depois de alguns goles a mais no champanhe, e de algumas rodadas ao som da música, eu olhei mais atentamente ao pescoço de Laura, pensando: Se dessa vez eu não descobrir nada, eu juro que a deixo em paz, eu não queria que escapasse nenhum detalhe, eu não queria ter que desistir, então procurei provas maiores que qualquer analogia ou realidade, naquele momento eu já não sabia se o que eu estava vendo era um mundo de idéias ou um mundo de formato, então encostei meus olhos ainda mais próximos ao seu pescoço, foi quando vi, era um desenho meio borrado, pensei comigo : Ela nunca me disse que tinha tatuagem, e eu nunca havia percebido,parecia um grande borrão, um desenho usado nesses testes de psicologia, eu estava sem óculos e para piorar, estava embriagado e a cada girada de Laura, eu tentava decodificar sua tatuagem, eu olhava a tatuagem e olhava a parede, a tatuagem havia se transformado em quadro, e o quadro em tatuagem, e eu que já não sabia o que era real, comecei a ver uma seqüência de números na sua pele, imaginei que era uma dessas tatuagens que pessoas fazem com um códigos de barra, pensei comigo, Laura nunca faria uma tatuagem dessas, foi quando veio tudo a tona, como uma profusão de imagens não lineares, comecei a lembrar da gente sentados, do cabelo desaparecendo, do seu pescoço, das larvas, da fuga, do buraco, da infiltração, olhei para os olhos de Laura, que estava intacta a minha frente, e eles me responderam, falaram comigo : - Não é obvio para você? O pescoço, os números, o quadro, o por trás do quadro, eureca, era isso, era isso, com a força da resposta, e com a solução em mãos, pus a enforcá-la, enforcar teu pescoço, enforcar o caule, os girassóis murchavam, seus olhos lacrimejavam, minhas mãos tocavam os números, sua tatuagem, a senha do cofre, o cofre por de trás do quadro, só esperei de fato você cair, para assim, finalmente retirar o quadro de lá.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Outra onda

Cravo meus dedos em teus passos tão aflorados
Primavera em tua cintura
Vento a rosar os seus teus cabelos
Leva da tua cor a minha cisma
Essa tua direção que finda em meu abraço
Opõem, compõem, impõem teu sabor
Se deus te cede um enfeite
É que o céu já mudou a essência
Seu anel de nuvens, a saia que roda e faz chover
Distraia o mar, enquanto a sua terra é o meu erro
Borda outra onda, outra onda, outra onda
Que a areia vai se encher de vida.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Se essa rua

Estou sempre atrás de quem não tem pressa, de quem encurta o prazer a favor da vastidão, sempre um passo atrás de quem nunca andou sozinho. E por mais que eu escolha a rua, é impossível, escolher os transeuntes, que atravessam a minha frente me trazendo culpa, desrespeitando meu sorriso de faixada, e minha aura poluída. A rua que passo é minha, embora a placa teima em dizer o contrário, embora as obras não sejam assinadas com meu nome. Arquiteto a ficção em prédios de sonho, os prédios são meus, essa rua é o inconsciente da minha infância, a rua debaixo é só um limbo. Essa minha rua que inventou meu bosque, que roubou a cantiga enquanto caia no sono, essa minha rua, a origem de minha solidão em apenas duas esquinas. A calçada que tropeço é minha, mas o chão que caio é de todos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Lábios

E sempre que eu te via esperar outras bocas, me arrependia de um dia ter esperado a sua, meus lábios perdiam a cor, ao meio de tanto preto e branco. Me arrependia de ter molhado os lábios, não sei se de medo ou esperança, lábios que se logo secavam enquanto imaginava miragens; seus beijos com a outra. Meus lábios se faziam desertos para quem um dia quis sentir tua língua, se fazia tabula rasa, para quem um dia quis sentir tua poesia.Te via esperar por outras bocas, e a minha ressecava da falta de palavras, e de tão árida formavam algumas rachaduras, em que saliva alguma conseguiria percorrer. A minha boca tentava digerir a cena da sua boca com aquela outra boca, e não obstante, você sorria para mim, e por não me dar nada eu olhava seus dentes, que só serviam para mastigar as lembranças de que um dia tua boca esperou a minha.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Olhos Distraídos

Você diz que meus olhos são distraídos, mas o que eles olhavam quando apoiados em encantamento? Quando ancorados em tuas pernas? fincados em teus seios, como uma conquista promissora. Minhas retinas ainda traduziam a beleza que se despia em um piscar, minhas retinas ainda dublam o corpo que atuava em cima do meu. Minhas Pupilas reconheciam a luz do teu corpo em si, da praticidade da tua boca, do conteúdo de suas mãos, essa luz que entrava em seus órgãos, do orgasmo que se transformava em tempo e espaço. E era só o reflexo que detinha a cor que passava em nossos corpos. Os meus olhos que já abandonavam suas casas e a olho nu, percebiam a despedida dos teus pés que caminhavam em detrimento a minha saliva, e a despeito do meu colo. A água caia, enquanto meus olhos se fechavam, você se banhava, enquanto meus olhos compreendiam e organizavam todas as profusões, da água, do cheiro, do apelo. E depois aquele teu corpo que saia, envolto há uma necessidade fisiológica, era o mesmo corpo, mas sem devaneios, era o mesmo corpo com aqueles meus mesmos olhos fincados em teu coração. Aos poucos você se vestia, e a cada peça, meus olhos já quase reconhecendo os seus, se distraiam em descanso, mas nunca, nunca te perdiam de vista, se eles em algum momento se mostraram indiferentes a sua presença, foi por pura falta de espaço. Você ao pé da cama, se maquiando, incitava meus olhos a vestirem tranqüilidade.

domingo, 2 de outubro de 2011

Paladar de Palavras

Márcia ia retirando os ingredientes do armário,enquanto conversava com marcos, assuntos aleatórios, coisas amenas, nada de muita importância.
Marcos não sabia qual era a intenção gastronômica de Márcia, não sabia se culminaria em um bolo, em uma torta ou alguma gororoba ainda sem nome, tamanha era a ignorância culinária dele, e tamanha era desatenção, então marcos decide prestar mais atenção nas coisas retiradas do armário do que nas palavras ditas.
- Marcos você anda muito chorão. Disse de forma ácida, enquanto separava algumas laranjas
- Eu também ando chorando muito desde que me deixou. Concluiu o pensamento enquanto cortava alguns pedaços de jiló
Ele já não entendia, os alimentos pareciam tão desconexos, tão dispares entre si
- A verdade é que quero chorar agora, que raiva de você. Márcia despejava o sal em uma panela, com muita parcimônia
Marcos ainda sem entender aquele amalgamar de alimentos, não fazia muito sentido.
- Eu gostava tanto do nosso sexo, Marcos. Márcia mexe uma panela cheia de pimentas.
Foi quando Marcos compreendeu tudo, sim, alguma coisa ali tinha sentido
- Toma amor, coloca um pouco de açúcar
- Ah, era isso que estava faltando, açúcar, obrigado meu amor. Disse Márcia com o jeito mais doce do mundo.
Eles então se beijaram, e caminharam até o quarto, não sem antes Marcos decantar um punhado de pimentas na panela.
No quarto os paladares se entenderam, e deixaram a tal gororoba quase

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O melhor jeito de dizer

- Meu bem, tenho que dizer, que depois de tanto tempo, ainda sinto aquela borboleta no estomago. Sabe, mesmo depois desses meses, sinto aquele ventinho na barriga, sinto que tenho uma nova vida, sinto que carrego dentro de mim uma nova esperança, uma nova semente desse nosso amor, as vezes dá até vontade de desmaiar de tanto amor.
- Que lindo isso amor, que poético.
- Po, poético nada, eu só to tentando dizer que to gravida.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fragmentos de Agenor

Ele se posicionou ao lado da geladeira, enquanto ela procurava alguma coisa para preencher o vazio da mente e da barriga. E a cada vez que ela abria a geladeira, enquadrava um plano perfeito dos olhos dele, era como se a geladeira equilibrasse a altura dos dois, embora ele nem tenha percebido isso.Por muitas vezes ela abria a porta , só para melhor ver seus olhos, e quando fechava, havia algo de estranho com o restante do corpo dee, foi então que ela percebeu que havia se apaixonado somente pelos olhos de Agenor, tá bem, não só pelos olhos, mas do nariz para cima, mais precisamente metade do nariz, que era onde a porta da geladeira cortava. Nesse minuto Elis ficou imaginando como seria se Agenor fosse só aquilo, só uma cabeça flutuante dizendo que a amava, será que Elis conseguiria amar uma cabeça flutuante? E de tanto imaginar fragmentos de Agenor, Elis esquecera completamente como era o resto do rosto e do corpo de Agenor, era como uma peça de quebra cabeça esquecida e perdida embaixo de um sofá, ou engolida por um gato qualquer. Elis se manteve paralisada, com a geladeira aberta, e pensativa, como será que era a boca de Agenor, será que eram lábios carnudos, será que eram vermelhos? Havia algum cavanhaque? Elis perdia totalmente a coragem de fechar a geladeira e se deparar com uma imagem que fosse longe de sua concepção.Foi quando Agenor abriu o freezer, o quebra cabeça se tornou ainda mais confuso, Agenor se tornara só um nariz, e Elis pensou que, definitivamente,não era capaz de amar um nariz, ainda mais um nariz que era meio torto, protuberante como aquele. Elis decidira fechar a porta, finalmente havia enjoado da brincadeira, suspirou em alivio quando viu o Agenor por inteiro, e a cada passo de Agenor. Elis colocava a mão a baixo de seus proprios olhos cumprindo o papel da geladeira, mas quando retirou a mão o que viu foi um absurdo, Elis havia cortado Agenor em fatias, e como disse o poetam, ninguem consegue abraçar um pedaço.

sábado, 24 de setembro de 2011

Despotismo ébrio

Ele na sala, ela na cozinha
Ele vendo o jogo de futebol, ela lavando o jogo de jantar
Ele pede, ela vai
- Amor, me traz uma cerveja?
- Claro, paixão
Passa-se alguns segundos
- Amor me traz outra?
- É pra já
Mais alguns segundos
-Amor, tem como você trazer outra?
- Já to indo. Diz sem muita paciência
Ela entrega nas mãos cegas de seu marido, e retorna a cozinha, mal dá tempo dela chegar a pia, e já o escuta
- Mais uma amor
- Ok
Ela limpa a mão no pano de prato, retira o avental, e cruza a sala sem dizer nada, ele imaginando que a cerveja acabou e que ela vai buscar mais, sorri satisfeita.
Ela volta aparantemente sem cerveja alguma, somente com um objeto meio retangular, que ele nem presta muita atenção.
Ela vai até a cozinha desembrulha o tal objeto, e o estaciona do lado do sofá
- Pronto, isso é um frigobar, e está cheio de bebida
Ele sem desviar o olhar do jogo, diz :
- Mas para que eu quero um frigobar do meu lado, se a graça é pedir pra você trazer a cerveja?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vertigem

Vai ver
Vai ver a vertigem
Vai ver a vertigem, tingir a cor dos olhos
A vértice do pensamento
Ver tingir a cor dos olhos
Ver tingir a vértice
da virtude que despreza
A vertigem converte tudo em viagem
Verte o gim
Verte o gim
Vestígio.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O destino de Marc

Sinto-me tão cansado quanto um cavalo prestes a morrer
Tão cansado, que o tormento já não arde e as árvores tropeçam em meu domínio
Da autônoma graça, a natureza perde suas veias
vou do heroísmo à impotência, enquanto sangra o retrato
Sou como uma flecha que incomoda o equilíbrio
Deus não acrescenta mais linhas sem antes tencionar a vida
Pode o homem ser maior que um raio?
Distorce a distancia da curva que é golpe
A indelicada travessura da nada gentil avenida
A destruição é velha, e só rejuvenesce a força

sábado, 17 de setembro de 2011

Molhar o Bico

Ele com uma empolgação de rei, está preste a surpreende-la, sustenta um sorriso cheio de novidades, e o medo de uma possível reação negativa.

Ela em frente a ele, prestigiando o bom coração, com uma auspiciosa tentava de segurar as mãos , fica atenta a cada movimento de seu amado

Ele diz meio incisivo, meio despreparado :

- Amor, estou terminando com você

O susto preenche o vazio que se fez no momento, ela não podia acreditar no que estava ouvindo, de repente cada barulho da cidade virou um zumbido em seu coração

- Como é que é?

- Estou terminando com você, você não vai ser mais minha namorada.

Ela ainda tentando compreender tudo, sorriso dele fora de contexto eas mãos tentando desmentir a boca

- E como você diz isso com essa alegria escancarada?

Seguido de sua pergunta retórica, ela engole a decepção e se distancia um pouco dele

Ele, notando a distancia, e frustração de seu plano, diz já sem muito ânimo :

- Você não vai ser mais minha namorada, você vai ser minha esposa, estou terminando o namoro, por que eu to pedindo em casamento.

Mas já era tarde demais, ela já estava longe e decepcionada o bastante para ouvir algo, nem esperou ele molhar o bico, nem para um beijo e nem para o pedido.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sem Roupa-Nova

Ela abre o armário enquanto liga o telefone, procura no celular algum número que ainda sirva,mas repara que a sua agenda tá tão velha quanto as peças que se escondem, como se não quisessem ser vestidas.

Sorte com o celular mas com as roupas nada, ela ensaia sua reclamação, mais um sábado em casa.


- Alo? Não tenho nenhuma roupa para sair com o Ricardo, então eu não vou

- Deixa de besteira, e aquele vestido vermelho?

- Usei no primeiro encontro

- E a saia preta?

- Usei no segundo encontro

- E a tunica?

- No terceiro encontro

- Ah, então desisto, já que está sem roupa pra usar, convide ele para algo que você não precisa estar vestida

- Ah não dá

- E por que não?

- Por que ele já me viu nua

terça-feira, 13 de setembro de 2011

No centro do meu mundo, não há nenhuma árvore

Corro para abrandar meu corpo
para me soltar do suicídio
do tempo que protesta meu ócio
das pernas que abrasam em necessidade
Do desejo se fez obrigação
Da corrente que Deus leva
só a oração me desconcentra
Meu coração barato, bate devagar, parado
só se encare no susto
Quem me dera a nostalgia me assustasse
mas é do passado que o espirito sobrevive
A arte já perdi, por esquecer tuas imagens
e esquecendo, me liberto do estranhamento, desfamiliarizando a dor
Toda morte é entrega
e eu não passarei pela porta sem antes entende-la.
Ilumina e vai embora, desfaz o conhecimento
Quando o tudo for abstração, valorizemos o nada
A indolencia é cara, e eu pago por não gastar meu tato
Por não gastar meu reflexo, me angustio
E a angustia é o dialogo da consciencia com o meu vazio.

domingo, 4 de setembro de 2011

O mal não sabe dançar

Ensurdecerei de moral
Antes que os males chegue aos meus ouvidos
No céu não há valsa
E o cético dita um passo pessimista
Não me espanta o vento, que pisa em teus pés. Nem a chuva que desalinha tua cintura
Da natureza que faz teus coretos, só o ritmo se torna dia
E em desarmonia o rei grita
É que o mal não sabe dançar
E o bem quase sempre desafina.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pássaro Selvagem

Do cansaço se fez segredo.
Não ousaria pensar, para que não pousasse em meu peito.
Hoje prefiro que voe sem asas subestimadas.
Do teu canto fiz despertador. Canta e parte
que é do teu parto que renasci.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sonífero

- Vou te confessar, ontem quando você estava dormindo, te beijei
Ela imediatamente feche os olhos, ele sem entender pergunta :
- O que está fazendo?
- To fingindo dormir que é pra ver se você me beija de novo

domingo, 28 de agosto de 2011

Esmurrando facas de dois gumes

Ninguém sente falta das tentativas depois que termina o murro.
A mão não se cansa, mas a faca continua a sangrar
Mudaremos a ponta, mas não mudaremos a força até darmos murros em facas de dois gumes.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Salvar Agosto

Ela veio para salvar Agosto
ela veio para salver o mês
quiçá o ano
quiça a vida.


Reduzido

Eu ando tão egoista, que só o amo o que invento
Perceber não é pensar, é cair em realidade
minha memória é meu tempo, é a linha exata de meus erros
o meu abrigo enquanto a rua é desassossego
Meu coração é minha culpa, é a crença do que devia dar certo
Só perco, o que não descobri que perdi
não é preciso invadir o corpo para a matéria estar viva
mesmo que recente, o desprazer ainda me envelhece
e me reduz a idéia, morrer é ser reduzido a uma idéia
Meus olhos embranquecem diante do que não mais me pertence
tudo que não me lembro permace com hálito puro
e se revejo, é como um recem nascido que só conhece o escuro
fragil demais para voltar ao fim, forte demais para fazer um recomeço
Quantos modelos ei de seguir, até padronizar a dor?
do demodé que invejo, estranho-me no comum
Me equilibrar em voz sempre foi uma tentação
é no inferno que desafino
então me calo pela vergonha do eco, calando também o eco
sem asas não há efeito
e a causa ainda é trair o futuro
do paradoxo que viajo, estatico ainda é a burrice
É que Deus, quase nunca experimenta
e eu, quase nunca sonho
Impressiona-me, eu querer impressionar tanto
meu egoismo é autoflagelo
é a única coisa que me resta em solidão
meus dedos não suportam meu corpo
e é por isso que escrevo em demasia
Meu alivio só vem na vaidade
Eu busco em qualquer admiração, um destino que não é meu
Eu não vou decorar o sucesso de quem não me conhece
Prefiro me resguardar em frustração.


Perda de tempo

Esse prazer é perda de tempo
a solidão é contrapartida
é contragosto
é inquieta
do corpo que se ama, só o fim
e o fim não me salva
de nenhuma roupa rasgada
sozinho eu não minto
é preciso um outro ouvido para fingir
quatro pernas para dissimular
é preciso ignorar o rosto
alinhar as costas, quando se cansa dos seios
esse prazer é perda de tempo

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Leitura Dinâmica

Eles se deitam, preparados para mergulhar na intensidade
ambos concentrados, esquecem o mundo
ligam seus respectivos abajures, e começam a tirar devagarinho
ela abre todinha, ele mete a cara
ela percorre com os dedos, e ele tenta decorar as linhas
ele com o livro : " Como dar orgasmos a sua mulher"
e ela com o livro : " Como fingir orgasmos".



domingo, 14 de agosto de 2011

O canto é mais alto

A cama se arrasta pela madeira
O suor ressoa
o movimento reverbera em prazer
límitrofe os corpos organicos se transformam em orgasmos
Amalgamar alma e sexo
ela geme
grita
chinga
bate
e
Goza
vai para o chuveiro
e eu berro :
- Canta baixo, se não os vizinhos vão ouvir.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

In- comodos

Desafio sua retina e desalinho em desculpas
Afiado esculpo o abrigo
Enfeito o efeito das frases afoitas, que saem como casas á beira-mar
Do estilete que enferruja tua dança, do engenho que transforma perfume
As portas salgadas agoniam a cordialidade, de ser bem- vindo em lugar qualquer
Sem tapetes para julgar o privado, sem café para oferecer ao público
Quebre as janelas se não pode se livrar de mim e assim acordarei em um novo conserto
Nosso quarto já não é bem visto, das laranjeiras que insistem em nos abandonar
Pisa teus pés no forro sem fim, ou afunda no corredor sem esperança
Tormentas teu canto de oração
A liberdade é só uma banheira vazia
E o quadro que incomoda por ser em linha torta, não foi Deus quem fez a inadequação
Nem as escadas que levam ao mesmo lugar
Ateará fogo no chuveiro que respiga sexo
Da natureza que molda o homem, só o crime é selvagem
Abrigará a terra e o céu, enquanto durmo em tempestade
Cubra teu corpo de couro, enquanto a cama exibe solidão
Dos travesseiros que hoje dispenso, restará o barulho da madrugada, que diferente do mar
não poupa nossos corpos.
Tua visita que polui meu estado, é o centro da beleza rendida
Não mais dançara com os predios, nem tomarás com as mãos a avenidade
Se queres minha terra, vai ter que plantar o mais belo doce
Da tua visita não vai carregar nem mais o denso filtro
nem mais o fragil costume
De nada mais importa se o chão é desconhecido, gozaremos no teto
e tomaremos conta de tudo que um dia foi desperdiçado
não por afronta, apenas por egoismo.




terça-feira, 9 de agosto de 2011

Santo sem você

A calçada insatisfeita cria flor
Enquanto os carros invejam a minha pressa
Os prédios recaem sobre a minha indiferença
São Paulo é tão santo sem você
E a vida é tão endiabrada sem teu corpo
Seguro o cigarro não mais a sua mão
Do vicio que salva, prefiro teus dedos
Engarrafa os planos nesse mar de concreto

Tesoura

E quando fores embora
cortarei meus cabelos
para que eu não sinta mais falta de seus cafúnes.

A satisfação é uma sátira

Do revolver que atira
Só sobra a quente ironia
Do meu fôlego incompleto
Do árido corpo que sacia

A satisfação é uma sátira
Que corta o fogo em fatias
A satisfação é uma sátira
Quando o desejo é uma dádiva

Do revolver que atira
Só sobra a quente saliva
Do meu fôlego incompleto
Do corpo sólido que caia

A satisfação é uma sátira
Da sadia imperfeição.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Solidão

A solidão não se distrai
ela é atenta aos meus gestos
vigia meu sono
a solidão é a insonia enquanto sonho com alguém ao meu lado
Não finjo ir embora, ela não cai em blefes
A solidão é própria hipnose, em dias sem cura
Desvio o olhar, mas ela é o ilusionismo que não revela seu truque.
A solidão se faz moradia na metamorfose
Ela não é mais a madrugada e sim a dona do tempo.
De tanto observar ela se exibe
A solidão está sempre a espera que eu a perceba.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Avesso

A pressa da despedida
é a calma da solidão
a separacao é movimento
e estática é a impressão de saudade
de tanto imaginar teu grito
me viro do avesso, para demonstrar que te amo.

sábado, 16 de julho de 2011

Pais e Filhos

Sr Francisco se aproximou da moça que ocupava todo o banco
Esticou suas mãos enrugadas mais do que sua artrite permitia
Recebeu ao encontro, os anéis mais brilhantes que por um segundo interveio na escuridão plena de sua visão
Ele se sentou, acomodado pela leveza do momento, que emanava da bela jovem, ao reconhecer um velho parente.
Ao final, levou em direção a bela moça, sua suntuosa muleta, oferecendo-a e disse :
- Tó, e o que você tem pra mim?
Ela, se move, o olha, e não tem duvidas retira de um de seus punhos, uma singela pulseira e a entrega, nas mãos, que o fecha, se assegurando da mais bela troca, que um pai e uma filha podem realizar.
A vida, e o tempo.

Super - Homem

Quando criança ganhei uma roupa azul, na verdade um uniforme, não que eu tivesse pedido, eu nunca liguei muito para essas coisas de super - herois, e até receber uma boa explicação didatica de minha mãe, achava que o compunha a roupa, atrás, era apenas um acessorio esquisito para deixar a roupa ainda mais emblematica. Roupa tal, que nunca me convenceu de nada, alias, sempre me deixou meio bobo, tal fato contrariado pela minha mãe, pois tinha que ouvir o alarde, dizendo que aquela indumentaria toda não me faria voar, e ela tinha medo, caso eu tentasse. Eu nunca dei bola para a capa, nunca dei importancia por saber voar ou não, pois quem voa, nunca saberá cair. Hoje a janela do quarto tem grades, e mesmo se eu quisesse, minha mãe jamais me voltaria a dar uma capa.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Despreparo

O Despreparo para merecer
a habilidade de seguir em frente
Eu não insisto em ser velho
Meu patrimônio é existir
Se tudo que eu crio é a partir da vida
Tudo que sou é da vida então
A frustração não é complacente
Quando o injusto sou eu
A vida que falta em mim
É a insuficiência de meus dias
Desejos menores
que não vão caber em minhas previsões

A morte

Toda morte parte do irreconhecivel
parte em desemelhanças
Envelhecendo o cansaço
de não identificar o faro
Entre o novo e o velho há o delirio
O delirio de não se mover em distinção
A paralesia não é morte
Desabar é morte
E o gosto que não se admite nem com lembrança
Longe de se legitimar em nostalgia
Quando não se estranha o novo, é morte
Morte é a tradução de uma lingua ainda não inventada.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nariz de palhaço

A unica lembranca que tenho de nós, é um nariz de palhaço, e penso no sentido simbólico e metafórico do mesmo. Eu sendo um palhaço que carrega no paletó uma daquelas flores que espirra água, já que minhas tentativas de ser romantico, ou te faziam rir, ou de alguma maneira deixavam seu rosto molhado.

Tudo acontece

Reviro o armário, a procura de provas, nada muito consistente, alguns papéis, talvez algum souvenier, ou foto, um bilhete serveria. Jogo tudo na cama, cds, livros, mas não encontro nenhum indicio, nada para elucidar meu verbo, continua em misterio todos os deja vus causados, e todos os sonhos cosntantemente repetidos, as noites mal dormidas são feitas de descobertas mal planejadas, então eu tento acender a luz de uma vida que já se foi, e permanece com as digitais silenciadas pelo tempo.É isso, um crime silencioso, um enigma exultante, da qual nenhuma lembrança foi arquivada, você castrou todos os rastros. Renuncio a busca, e aceito que só é eterno, por que não tem explicação.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O ponto de Ônibus

Me sentia próximo do fim, sem ao menos ter te abraçado, e era como ter uma insonia sem sonho, quando todos os canais saem do ar, o que sobra é esperar, esperar você ir embora, assim como minha casa me espera. Todos os dias passo por aquela calçada em que você me deixou, em direção contrária ao meu anseio, deu a volta completa para rir do meu desastre. E ali, tão perto do meu abrigo, eu te incentivava a me deixar, pois para mim, valia mais sua segurança ao ir, do que sua indecisão ao ficar, sempre pensei que a segurança está na veemencia, e não na confusão. O ponto sem nós, é só mais um ponto sem nó, só mais um apoio para os cansados. Vejo as pessoas se escondendo da chuva, exatamente no lugar que você se escondia da solidão, esperarando encontrar teu quarto, com a mesma esperança que eu tinha de encontrar teu beijo.O que pra você era ida, para mim era só um começo. Hoje passei pelo ponto, e você não estava, por que certamente, já passou da minha vida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Axioma ou a arte da auto - ajuda

Há um lado bom quando a vida está de cabeça para baixo
fica mais facil de ler no rodapé
a resposta para todos os problemas

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sinônimos incompreendidos

O sonho é minha imaginação quando falta a lembrança
é quando recorro ao passado e não mais atribuo significado a compreensão
é a fonte de todo retorno esperançoso quando o chão virou vento
se tenho lembranças, não tenho sonho, os dois não coexistem em um coração que lamenta
meu espiral é feito de chuva, cai em desamor o que voa em sereno
Palavras são migalhas que não me matam a fome, já que o sólido é o nada
A vida se repete, o sonho não , é como o disco riscado que só sobrou a capa
Memorizando a melodia antes de cair em desespero
A idealização é cômoda, a realidade me confunde e aceito assim ter um fôlego a mais
cortante como árvore que invade o céu, inebriando a visão de Deus
Eu só fujo do que se esconde, abrigo e esconderijo são sinônimos quando não se tem aonde morrer.
Fazer-me de culpado, sendo que a vida é escolha
Sendo que a vida me encolhe
Se não consulto a culpa, manipulo a tristeza, ou até mesmo pulo do frívolo
Meu pensamento desaprende o que não é necessario
e não sou o que decido o que é armadura quando tudo é guerra
São todos fatos irrefutáveis que me acolhem em deleite
Fecho a porta para não me abrir em palavras
minhas palavras só subordinadas na educação
regravado em mim o agradecimento por ser normal
como medalha de honra, retardo a vitória
Há em mim o indelevel cinza
E a espera branda de um dia ser outra cor.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Esperar

Não é licito te esperar
intuir de seu beijo para assim me sentir racional
só há o abraço possivel, no corpo que inquere o amor
o que não tem resposta é inacessivel, e longe do meu entendimento
teus passos são incondicionados, sua vida é razão limitada
quero o seu absoluto, ir aonde não se pode e voltar quando não se deve
aperfeiçoando o caminho, antes de chegar ao caminho da perfeição.
antes o certo, do que a insatisfação
a força esta na esperança.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ausência

Quando fores
sua ausência me fará perguntas
que responderei com memórias
suas lembranças vão me distanciar da realidade
cairei em pesares
terei mais passos, mas perderei o caminho.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A minha calma

A minha calma é uma maneira de se isolar do mundo
de me desligar do mundo e silenciar o meu limite
me calo pelo meu limite, e não por resignação
todos me conhecem tão bem
sabem da minha capacidade de errar
reiteram minha premissa
meu exoesqueleto é um nada
e meu vazio é a contemplação do tudo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Abraço Quente

A tristeza é um abraço quente
que insiste em me despir
só um truque barato para que eu abra as janelas
e fique exposto a dúvida.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sete Pecados Capitais

Pode ser que os pecados sejam intrinsecamente dos reservados e conservadores.
Tudo bem que há pecado para todos os corpos, bocas e devaneios,
mas há algo de timidez no orgulho ou de medo na gula,
e no fim há uma fraqueza em tudo, não de espírito mas de compaixão,
o pecado é renunciado por educação e não por condescendência,
muitas vezes a educação está acima do bem e do mal.Hoje em dia o pecado repousa na mente e não no coração. Os corpos descansam em pecados e culpa não mais se faz presente,todo exagero exercido, difama o bom senso. O equilíbrio distante de uma vida sadia ainda permanece longe,o carpe diem subversivo é o norte de toda entrega,
que faz de cada dia uma explosão de vaidade.Se ao menos o orgulho declamado fosse escondido no espelho...mas os pecados são anunciados em alto falantes
por bocas que não enxergam o coração.Há de se viver mais do que nosso vão desejo,extrapola a vida quem não domina seu desejo,tornando o próximo apenas um tronco a mais para chegar ao seu sonho.
Não importa o pecado, o capital nunca pagará tão bem.Sem dinheiro no bolso, sem pecado no coração.A graça de se acabar em simergulhando em puro desespero vaidoso.Perde-se personalidade, perde-se caráter,a favor de uma vida mais palpável.O pecado é o instrumento que faz o corpo ser mais útil que a alma,que faz a carne ficar mais próxima ainda do osso.O osso, limiar de todo egocentrismo encontrado. Há vaidade demais.
No sangue que percorre o orgulho os pecados se misturam, formando um grande bolo de insensatez.Há gula demais na vaidade e inveja demais na avareza.Todos calcados em um inconformismo tenaz,que é capaz de calar todas as religiões. Acostuma-se com a gula, acostuma-se com a vaidade.Alimenta-se a gula com a o desprezo causado por uma vaidosa.A vaidosa incita a inveja da pobre menina que, por ira, acaba na luxúria.Um pecado desencadeia outroe a vaidade não é a único algoz.Todos os pecados cabem em um só.






Poema fio contudor do curta Sete Pecados Capitais, produzido pelo coletivo de arte Lobo Parietal.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Amanhecer

Seus braços me afastam, enquanto o sol afasta as nuvens
Quando amanhecer, seus lábios serão do vento
enquanto os meus, serão só meus
vão cerrar entre palavras cortadas de um frio injusto
ressecada será a solidão quando nos despedimos
Haverá um buraco em cada tentativa de ser pleno
A boca seca de se inebriar em desculpas
A fome que mata a ferida da ferida que não mata o homem
Só encontro teu corpo no escuro
onde cada fuga é confortável
encoberto de cansaço e descanso
deitados somos livres, em pé somos do que convém
Só te tenho por perto quando não há mais ninguém
quando não não há o seu ninguém
e eu sinto muito por amanhecer.
Se eu pudesse, meu corpo inteiro seria noite.

domingo, 15 de maio de 2011

Sedado de vazio

Ando sedado de vazio
respirando apenas lembranças
trancafiando o ar tremulo
das palavras quebradas
inalo a compaixão
para não me hipnozitar com a morte
anestesiando meu corpo
para não cair em tentação
meus delirios insiveis
são calafrios em minha esperança
imóvel, sou apenas uma pedra que queria ser gente
quem cuida de mim é o medo

Soluções Tímidas

Não me ajusto na injustiça

nenhum gesto de Deus me fará sorrir

sou indigesto para vida

e não há desconforto maior que minhas palavras

minha cabeça estranha minha língua

e meus pensamentos constrangem minha peito

a míngua, eu me perco em soluções tímidas.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Cada Centavo

Reato a todo impacto
retalho de ato falho
todo atalho que desdobra o mal
emenda toda encomenda feita por Deus
Costura todo custo da fé
em notas dissonantes
para cada centavo de nuvem.

Segurando as pontas

- Ei André, você anda fumando?
- Não, por que mãe?
- Olha o jeito que você segura o cotonete
- Você tá supondo que eu fumo pelo jeito que seguro o contonete? era só que me faltava
- Sim, desse jeito, só falta acender e colocar na boca
- Mãe, para sua informação, eu seguro o cigarro bem diferente, ops

terça-feira, 10 de maio de 2011

Culpa vã

Um pouco de sonho, e te abraço
como desejo quebrado, me aproximo
redescubro a culpa, perto do seu rosto
que gela o meu
surpreso com teu beijo, me desprendo do futuro
depois de dias, teus olhos ainda atras dos meus
teu coração a frente do meu
e teu corpo, teu corpo não sei aonde está
meu peito afora, é amor.

sábado, 7 de maio de 2011

Triângulo

Roberto tinha uma admiração e um amor enorme por Bruna, mas por ser timido, guardava o tal sentimento, muito bem guardado.
Bruna vivia andando de cima pra baixo com o Leandro, e ambos não paravam de falar um segundo.
Roberto só os observava, com uma atenção voraz, fica imaginando sobre o que eles conversavam, e sentia muito ciume dos dois.
Por muito tempo, Roberto quis ser Leandro, para ter tanto assunto com ela , e assim ela se apaixonaria por ele.
Já que quando Bruna se aproximava do Roberto, ambos ficavam calados o tempo todo.
Mal sabia Roberto, que o principal assunto da Bruna com o Leandro, era justamente sobre ele, Bruna também tinha uma certa admiração.
Mas Roberto nunca se aproximou dela, pois em sua cabeça, Bruna e Leandro estavam completamente apaixonados

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pedidos

Eu pedia para você me ligar, você não me ligava
Eu pedia para você ir para minha casa, você não ia
Pedia para você não usar aquela roupa que odiava, você usava
Pedia para que vc não fumasse cigarro na minha cama, mas você fumava
e eu me irritei, e falei com a boa meio entreaberta : - vai embora da minha vida
você se foi, e eu me pergunto : - Quando foi que começou a me obedecer?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Distraídos Venceremos


Tem ocorrido um fato interessante, desde que comecei a trabalhar em uma loja de camisetas. Eu sempre fui muito disperso, e muito distraido, tanto que levava a famigerada frase "distraidos vencermos " do leminski a ferro e fogo e acreditava mesmo que um dia eu ia vencer por puro acaso. A loja como é se esperar, tem inúmeras camisetas, um numero relativamente alto de estampas para minha cabeça que é um pouco devagar, decorar. Sem mais delongas, vou explicar o ocorrido, alguns clientes adentram a loja, e pedem uma determinada estampa, e eu no meio de milhares de cores, fico a procurar o pedido, e mesmo que a camisa esteja a altura dos meus olhos, não a acho, passa batido, mesmo que tenha sido uma procura engenhosa e com muita destreza, tem certas vezes que a procura é em vão,bom, isso não é de todo mal, já que em minha cabeça, a peça realmente não estava lá. Desço, aviso que não encontrei , e o cliente se despede com um agradecimento meio xoxo. E não é de minha grata surpresa, que assim que subo para arrumar as coisas, quem esta lá? a bendida camisa. Fico alguns segundos mal, me punindo pela falta de atenção, disse alguns segundos por que nem dá tempo de me restabelecer, quando um outro cliente entra e pede como não pudia deixar de ser, exatamente a mesma camisa que o rapaz que saiu pediu. Muitas coisas me pasasm na cabeça nesse exato momento, como a camisa já estava situada, não tenho maiores problemas e esse cliente que era pra ficar sem a peça, caso minha atencao tivesse prevalecido, pois a peça estaria vendida, no caso ele que sai com o objeto requerido. Isso tem acontecido repetida vezes, é só eu não achar a camsia para um, que outro vem e compra. Isso me faz pensar na vida, me faz pensar em tantas, tantas coisas. Nesse momento sinto um certo controle sobre desejos e destinos. E era como se aqueal camiseta tivesse que ser vendida de alguma forma para determinada pessoa, e me sinto compensando pela falta de atenção. É como se a cada distração, eu tivesse uma comprovação, de que fui distraido por que o destino quis assim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Se memória fosse música

Ando me esquecendo de tudo
menos que eu tenho
problema de memória.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A felicidade se compra

- Agora que você vai morar no apartamento acima, poderei te ver sempre
- Sim, mas e ando tão pra baixo, que prefiro ficar aqui na minha cama mesmo
- Então quando estiver mal, você me liga e eu subo pra te ver
- Mas ainda não instalaram o telefone, e eu to sem celular
- Então toda vez que tiver triste, jogue uma moeda no chão, assim saberei que está mal e te farei uma visita
- E quando acabarem as moedas?
- É sinal que você comprou a felicidade.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ressoa

Sua voz quebra o falso enigma
Entrelaça com suas mãos o doce encanto
toda ar que passa diante dos seus olhos é pouco para meu respiro
Entoa o truque do eterno engano e a toa afasta o destino
Sucumbi o retorno em frageis realejos
são frases escondidas em seu chapeu
como malas desfeitas antes da viagem
Somos malas desfeitas antes da viagem
assim como sua certeza é teu deus antes da coragem
e esse mesmo deus que pagaria para te ver feliz
Doa teu tempo que lhe farei proveito da vida
o privelegio do corpo, entorta a mente
esmaecidos de vontade, adormecemos de desejo
Sou o que ressoa de você

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Para partir

Dentro de mim, sou o melhor
Condensar todos os meus em uma só alma
e se deixar levar pela tentativa
me encarrego do meu cansaço
se entregar é dar uma chance ao tempo
me dedico na abdicação do orgulho
a solidão só é ruim, quando se tem alguém para amar
e eu ainda me empenho em apanhar
O que me faz humano, é querer ser pássaro
Sempre chegando tarde demais para partir.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Caneta Bic

As vezes sinto e vejo como se cada objeto e cada coisa ao meu redor, fosse uma caneta bic. Simples de saber o que é, e a sua função é tão obvia que não pensamos nunca em uma forma de explica-la, e por não pensarmos em uma explicação, nos complicamos com algo banal, já que temos a ligeira impressão de que todos sabem o que ela representa. É mais dificil de elucidar o que sabemos do que o que não sabemos, e eu tenho muito medo que me perguntem.

domingo, 17 de abril de 2011

Lembrar o bem

Vou lembrar de me arrepender, para mais tarde não te procurar, a espera vai aliviar o passado e assim compreender todo sentindo, meu futuro vai ser ao lado de quem me quer bem, reservarei para mim uma nova esperança.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nossa história tem dois dias


- Você tem o melhor abraço, e a melhor forma de segurar minhas mãos


- Você não conhece meu abraço, só conhece meu choro


- Eu gosto da nossa história


- Nossa história tem dois dias. O dia em que chorei, e o dia em que segurei suas maos por medo.É uma historia triste.


- Mas eu gosto dela, eu poderia te fazer passar por um medo, só para segurar suas mãos novamente.


- Isso ficou bonito, para um blog.


- E para a vida?


- Para a vida, não.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Não é hora do almoço

Não me surpreendo nem mais com o tédio. Descanso na pressa, já que a ansiedade me faz atrasar Na minha vida, sempre é muito tarde para o almoço ou muito cedo para a janta. Não controlo meus horarios, sou só uma utopia, duvidando até de minhas dúvidas, enquanto minhas perguntas enfraquecem minha voz, eu sigo perdurando o perdão na perda.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ultrapassar

Se eu fosse mais atento, o tempo passaria mais rápido, a preocupação me deixa febril, e meu coração desacelera com a dissonancia de meus atos. Um perfeccionismo distraido que já não me traz vitória. Queria prever minha responsabilidade e assim ver minhas mãos agindo, algumas horas estou longe de mim, outras estou muito perto para perceber algo além. Os meus erros são primarios perto da faculdade de compreender o exigido, e confundo inteligencia com competencia sempre. Prefiro me manter longe dos meus erros, embora eles sempre me dão as costas quando o limiar é o aprendizado. Cansei de aprender assim, quero um dia poder aprender com meu sorriso e com minha boa vontade. Eu não fico a vontade nem com a boa vontade, e essa minha inadadequação, ainda vai custar outras equações mais caras, vou somando meus fracassos e sem resoluções, permaneço em estado de inercia. Quantas chances são permitidas quando não se consegue nem chegar a elas? Eu não enxergo as chances, o que eu enxergo são sempre tentativas inválidas. Eu quero descansar em meus acertos, nem que pra isso eu ultrapasse meu otimismo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sonhar é tapear

A minha vida se divide entre necessário e desnecessário, quando a alma reclama a boca se fecha, como se fecha a palavra que não encontrou o sentimento, a palavra não contem o sentimento, a memória simn.Não existe carinho sem memória assim como não existe pavor sem inteligencia. Todo susto capaz de me levar pra baixo advém de minhas tentativas em não ser tolo.Falácias ocorrem o tempo todo, são como temperos que só servem para aumentar o meu fracasso.Acredito na sorte, como quem acredita em tudo que desdém da crença em Deus.Sonhar é se vingar da vida ou da morte, depende com o que você sonha.Sonhar é tapear a vida, atribuir a ela um significado maior que tudo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Menina Ópera

A menina ópera foi embora
levando consigo uma pequena caixa
da qual emanava o som da eternidade
ela não mais espera a música tocar
o seu balé hoje é feito de distração
hoje a arte pertence a seu corpo
corpo que a leva longe de mim
me faltou harmonia, sobrou inspiração
e a menina ópera só se casa, com quem a rodopia no ar
e meu giro, sempre foi para dentro de mim
não sei se seu beijo ainda queima
mas sei que seus pés ainda tocam o meu lugar.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sonhando em pesares

O pesar é um elo
entre o sonho e o pesadelo
ela continua apagando o quarto dela
E apesar dela ainda sonho
Sonho alto que é pra desabar em seu travesseiro
Sonho alto que é pra despertar em seus olhos
Sonho sonoro
teu sono leve
leve- me para sua cama
O pesar de lá
é o pesadelo daqui

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vazio desfocado

Me esvaziei
de tudo que trazia lembranças suas
e não reparei que o vazio
também me lembrava você.

domingo, 6 de março de 2011

Desperdício

O meu medo é compreender tudo e desaprender a ser transigente. Eu só acredito no desperdício, quando não há o que temer, nenhuma dor é escolha, quando não se gosta de nada, não há escolha errada. A grande busca é transformar a morte em passado.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Tão fora de si, tão dentro de mim

É essa sua voz de quem dubla a Natalie Portman, tão fora de si, tão dentro de mim, é o fato de você se engasgar com a própria saliva, como se com a minha não engasgasse. O jeito como tenta compreender com os olhos, o que o ouvido não assimilou. São esses teus passos disfarçados de dança, como que em sua alma houvesse música. Essa sua cicatriz perto da boca, de quem já beijou a solidão, são esses pensamentos dissumulados, e a risada inquieta. É essa, é esse, é isso e é aquilo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desencontrando-me

Não há nada mais genuíno do que a surpresa
ingenuo como o primeiro voo de um pássaro
engenhoso como um mergulho antes da queda
a alma intacta é mais livre do que a flor já torta
e o peito é espuma quando não há vento
Meus olhos respiram cores que não lembro o nome
é como o pensamento traduzindo uma nova lingua
minhas mãos deslizam um novo mundo
amortecendo a vida que ainda não foi declamada
posso abrandar o folego, mas nunca vou suprimir o susto
tácito é o que se move dentro de mim, em silencio meu espirito se renova
como se renova Deus, a cada oração
meu nome é tépido demais para me manter vivo
posso fugir do que sou, mas não posso encontrar quem quero ser
e fugir de mim é desencontrar até mesmo os meus desejos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Limiar da liberdade

No limiar de todo limite
o céu é deslocado
no limbo da saudade
um torso alquebrado de desejo
o vazio é uma arma apontada para o sexo
Sua janela sem vasos, tira a liberdade dos pássaros
Eu cruzo a floresta, e teu significado é meu corpo
Fibras e palavras de madeira
a chave dos sonhos está perdida entre agulhas
fura o pulso que ainda não virou verbo
quem chama a vida de morte
pode muito bem morrer sem dor
atribiu a raiva a mancha da pele
a voz de um sorriso que não se calou
Se a mulher domasse a serpente
não existira inferno
o pecado está na forma e não na ideia
o objeto que hoje te estupra, não tem rosto
eu prefiro as maças, do que sua personalidade
o que não tem cara, não permanece nunca na memória
E enquanto isso, todos os sinos pegam fogo

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Retrovisores Quebrados

Se distorço seu verso, é para que ele ganhe movimento
A traição só acontece no passo
O que não está domado, não ameaça ninguém
E eu sou réu e condenado do que ainda não fiz
Minha mentira é a prova maior que não me respeito
A minha vontade em ser teu, é maior que minha felicidade
Se desequilibro o seu paladar, é para que ele mastigue o passado
Dou um passo e já não me matei
O que não está vivo, não me faz morrer
E eu sou céu e inferno do que ainda vou fazer
Minha verdade é despeito
Quando chego ao alto, só o grito ostenta
O grito é meu veredito
E o meu medo é uma confissão aos solitários
Somos todos retrovisores quebrados.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Eu não sou eu

Há um descuido dentro de mim
o compromisso de tudo que não faz sentido
eu me perco, quando a inteligencia é mais importante que a felicidade
sensações são conceitos, pensamentos preceitos e sentimentos preconceitos
Há um infinito em mim
Eu que penso em mim, mesmo quando não sou eu
A voz da minha consciencia não é minha
Eu que escrevo o que não sou, mesmo sendo
Não é mentira, é dependencia
dependo do que não é meu, para ser completo
Mentira seria, se eu fosse feliz
Eu que sorrio, enquanto choro
Só sou eu enquanto durmo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Divórcio

- Preciso de um Advogado
- Por que? o que houve?
- Quero me divorciar
- Quando decidiu isso?
- Há uns dois meses
- Mas você está casado há dois meses
- Pois é

Caos

A incerteza é formada por imperfeições, só compreendo o harmônico, o instável nunca esta completo, o que destoa no meu universo é a desorganização do orgânico.O sentimento em dissonância aflige o linear pensamento. Hermético, o coração só abre quando dispara. As palavras densas para uma hegemonia de coisas sem sentido. As emoções uniformes controlam o inconsciente perdido. É preciso um filtro coerente, mais do que um crivo de acuidade. A mentira confia na sinceridade, só assim ela se liberta. O que me prende para baixo é tentar interpretar a dor, toda vez que me distancio dela, ela corre atrás de mim, é preciso uma distancia sem espaço, e um espaço sem tempo. O que está perto não se manifesta tal qual o que esta longe. É melhor sufocar meus medos do que suprimi-los. Eu só confio no que me surpreende, o que é rotineiro pode um dia me trair. Quantos pensamentos indizíveis vão invadir minha calma? Não decoro mais os fatos, mas insisto memorizar o caos.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Par de vazios

-Foi tão bom te encontrar
-Eu que o diga, no momento em que te encontrei, eu estava tão vazia,tão apática e de baixo astral.
- Nossa, voce estava tudo isso, e ainda assim eu me apaixonei por você?
- Sim, não é lindo?
- Não, Agora eu que me sinto vazio, apático.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O coração é o novo siso

Odeio esse sentimento de pensar que eu só tenho as coisas por que um dia elas foram rejeitadas pelos outros. Um dia eu ouvi de uma pessoa;que Deus havia pensado em tudo, ele fez o pescoço da Girafa grande pois a folha que ela comia estava em um lugar muito alto, mas ora, então Deus não precisava ter o trabalho de fazer o pescoço dela grande, era só ter colocado seu alimento no solo.É facil pensar em tudo, quando se criou tudo, é como um grande poeta disse certa vez, as palavras que vem nas palavras - cruzadas servem só para as palavras cruzadas, é muito facil resolver o problema que nos mesmos criamos o dificil é solucionar o que não temos nem idéia.Hoje em dia tem pessoas que nascem sem o siso, pois ao longo do tempo ele foi se tornando inútil, e eu fico pensando que no tempo em que nasci foi tirado de mim algo como o siso, por que eu sinto falta de alguma coisa no meu corpo que foi tirado antes do nascimento.Imaginem algo que foi tirado de você antes mesmo de você nascer e a quantidade de orgãos que vão se tornar obsoletas nas próximas décadas.Daqui alguns séculos,pessoas nascerão sem coração por que vai ser totalmente dispensavel, o coração será o novo siso.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Favos

Teu céu de favos
Afáveis favores disciplinados
Favorito de milagre
Agrego a vida a meu pensamento
Teu Deus escapa por uma harpa divina
Os dedos que hoje levantados
Sussurram preces secretas
Compro o comprometimento
De só falar seu nome.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Zero

Eu sempre começo do zero
O acumulo do nada
Preciso associar o oposto
Para assim não me esquecer das semelhanças
Simultâneo mutante
Muda de lado o presente e o passado
Esconde a idéia
A mesma mente que decora o defeito
Reter o que remete
Deter o que deleta
Isola-se a lembrança datada
Navego entre pensamentos
Esse barco já ancorou

domingo, 23 de janeiro de 2011

Tempo

O tempo intimida a minha idade
Aponta seus ponteiros na minha cara
Seu despertador grita em meus ouvidos
“I want you older”
Ignoro e continuo a dormir
Derrotado pela inexorável vida.

Revelia

Se eu pudesse reler a lua
Refaria sem regalia
Me valeria de astronauta
Na realeza do espaço
Reaver o teu amor
Revelar teus pés
Acima do sol
Voa o que não é real
Alia-se ao céu
Toda linha do absurdo .

sábado, 22 de janeiro de 2011

DNA

Meu coração bate por puro acaso
Deus compadecendo meu humor
hoje a paciência parece me cercar
pulo e não engulo outro susto
me preservar de verdade
me fez perecer na dúvida
Você é como janela
se não me jogo em você
é por que eu morreria
Meus óculos embaçados de cansaço
não enxergam além da lente
Estive perto de sua distancia e não aprovei o silencio de sua noite
Eu quero amargar o funcionamento de seu desejo
e repensar toda sorte
Deixará o caminho livre para o desperdicio
Fortuito me encarregarei de ser o resto
Minha origem não é nada original eu também emergi na tecnologia
só ganhei espaço entre os mortos
meu manifesto é contra o senso
Descubra teu nome e depois me chame que eu volto mas se eu não voltar esteja em minha frente
Viver é apertar o interruptor para acender uma lâmpada queimada
Não persiste o erro que não é distraído
Vence o apego que é traído
Juntos somos imparciais
quando a luz acabar,ligue todos os interruptores ou nunca saberemos quando ela voltar
Minhas mãos paralisadas por falta de tato
minha língua fica seca por falta de assunto
todos os meus sentidos revogaram
Formigas em meu DNA.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ratos e Violão

Julio se trancava no quarto,todas as vezes que ouvia um estrondo vindo de sua sala,era uma mistura de lata caindo com um ruído estridente,certa vez Julio no ímpeto de sua idade,foi espiar o barulho assustador,e pode ver que era uma pequena assombração na silhueta desgovernada de um rato.Julio não pensou duas vezes voltou a se trancar no quarto,e de lá nunca mais saiu,todas as vezes que ouvia o fatídico som,ele tapava os ouvidos e fazia uma pequena oração.Algum tempo se passou,e a harmonização do rato foi substituída por um ritmo de acordes oriundos do violão de sua irmã,vale ressaltar que a sonoridade dos dois se assemelhavam e muito.No quarto o som que entreva pela fechadura era o mesmo que o atemorizava,na cabeça dele continuava sendo o som do rato.Julio ficou meses no quarto sem saber que já não havia mais ratos e sim,só o violão.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dentro de mim

- Sua voz é linda
- Não é não,é frágil
- Eu acho pura poesia
- Meu pai diz que falo para dentro
- Só se for para dentro de mim.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tolerante

Sinto mais saudade do que acabou de acontecer
Do que daquilo que nunca mais aconteceu
Não sei sentir nada,sem for um maremoto
Não há mais pecado no encontro
Aonde a auto-suficiencia de quem não se ama,escapa da tolerencia
Não quero alguém me ame,quero alguém que me tolere.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Poder da Mente

- Se eu me concentro,eu consigo movimentar coisas com a mente
- Isso é incrível
- Ah,eu também consigo manipular o ritmo das coisas com a mente
- Isso também é incrível
- E você,consegue fazer alguma coisa especial com a mente?
- A coisa mais especial que consigo fazer com minha mente,é pensar em você.

Leveza e Avesso

Sua culpa é batizada
o que mora em mim ,não está comigo
minhas pernas mentem
meus olhos sentem
sentem toda poeira de seus olhos
puxa de dentro de mim minha voz
resgata o som de minha consciencia
só sou submisso em minha educação
Corpos são só troncos,pontes frágeis para a sabedoria
Aonde eu moro,até as nuvens tem pele
A minha mente hoje me segue
e para,em qualquer poça de indecisão
O céu é o avesso da terra
Meus anjos são dragões invisiveis
Tudo é leveza e avesso
Tudo é sal e aspero
Teu salto elegante
encontra na minha força o amor
traido pela queda
cada pedaço de mim suspenso no crime
Tudo é salto e queda
amor e desconforto
Que seja o que vier
que o que vier seja meu.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Alvoroço

Ainda sou moço
pra tanto alvoroço
se alma é desenho
eu só tenho o esboço
se a felidade é comprada
eu peço reembolso
e se o amor é um jogo
eu só jogo amistoso.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Intimidade

Não há intimidade entre acertos
Tudo que salta não volta
Todo coração solto é perdido
Não há intimidade entre erros
O que não volta não muda
O que não vai não me transforma
a coincidencia torna as coisas eternas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vivo

Tanto desanimo é desumano
toda felicidade em desuso
acaba me desnutrindo
intruso despreparo do medo
a destruição vem da distração
sem instrução de uso
a tração da tristeza é a traição dos meus pensamentos
tudo é deserto quando não se tem direção
detento de mais um sonho entre os dentes
presa frágil dos desavisados
Zomba de mim a sombra do descaso
enquanto o sol permanece em descanso
minha natureza desnaturada
amamentada por desilusão
Desato de todos os desatentos
atentado terrorista em meu peito
terra vista em meu leito
diga a morte que eu fico
VIVO.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ode ao Brasil

A minha língua é um canteiro de obras
Meu peito sempre em reforma
Da leve arquitetura
Seus abraços elevam
O troféu de açúcar e sal
Transfiguram na matéria prima
A rima do açude
A jangada urbana
Pesca pedras em regras gramaticais
No asfalto que é peixeira
até o verde já foi pisado
Como sangue de Antonio Conselheiro
a sujeira exilada
Louvo o teu cordel
Tua velhice me ensinou a escrever
Em seu trem,nem só de cafécompão cafécompão cafécompão viverá o poeta
O amor sobrevive a sertões
Não há seca na palavra
Ordem e progresso como bússola
Em uma tarde em Triunfo
Da navalha surgirá o País
Do trabalho escravo dos livros
Que se acorrenta nas arvores
Passaportes em fronteiras
A minha palavra corre fronteiras
Disseminando em teus rios
Não há memória sem luta
Como não há luto sem morte
Canto teus passarinhos
Na ditadura e na copa
As tuas favelas
Até o céu conhece
Em teu Cristo que sobe os morros todos os dias.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Nouvelle

A sua palavra me desafoga do tempo
Derrete o piano em tuas mãos pequenas
Enquanto abandono meu cigarro por imprudência
Verniz do meu peito que descarrega lembranças
O herói se distancia por insegurança
A borboleta do seu cabelo não voa mais em meu retrato
Domado por uma dama
O herói não sabe rezar
Fagulhas queimam minha boca
Figuram um quadro sem moldura
A vida é mais que nouvelle vague
Quando eu correr,você vai me olhar
Com meu revolver incompreendido
Teu beijo é a biografia da minha vida
Descreve o preceder do salto
Em sonhos a beira do abismo