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domingo, 19 de agosto de 2012

Marasmo

Afogo meus espasmos nesse marasmo de fantasmas
Miasmas anímicos em carruagens alegóricas
Membranas em rotação fundem a ausência
O fanatismo que ilude o alivio
Empesteia cada partícula de sal
Funesto a esmo
A mucosa inquieta abranda o ferimento 
O cardume de sinapses que dispersa no egoísmo
O pasmo que endurece o abismo
O milagre que por osmose
Espuma fé.
Minha boca que por mesmice 
espuma dó.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

O correio não passa


O cachorro vira lata
Do dono catador
De lixo.

Em casa de analfabeto
O correio não passa.
Mas o cachorro late.

Falta afeto
No asfalto
Calçados na calçada.

E a casa
Que desmerece o mero morador
Desmorona.

domingo, 5 de agosto de 2012

Carnear

Um coro de confetes
Queima o covil
O bobo carnavaliza o riso
A corte canaliza a carne
Carbonizando a quarta
Carnear a coroa
Que não vira cinza.
Pois não há rei
Que reencarna
Na carniça de um Zé.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Fiapo


Desafogar o zumbido
Que me amarra em transe
Velando o pouso
Envolto a palavras fósseis

O silencio que tapa meus ouvidos
Não me previne de nada
Na pele aguda que retrai
A turva temperatura
Que queima o inconsciente.

Não cobre a dor
Nem o rústico espírito
Que lamenta e estala
A cada desafeto

Inflexível flecha que aponta
Alveja o sentido que se perde em descuido
Tenho em minha madrugada
A fé cega, que só escuta a demência.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gosto Ruim


E fica um gosto ruim na boca
Quando hasteio
E não meço a proteção

Quando cambaleio
e perco tua altura

Quando me disperso em repetições
No refluxo do teu cuidado

E fica um gosto ruim
Quando amanso tua pressa
E dispenso tua cura

Fica um gosto ruim na boca
Quando resguardo sem previsão
E não calculo o teu reflexo.

Um estandarte impreciso
Na porta que me extermina.