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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Coração de Cavalheiro

O Homem que se mata, após a perda de um amor
É como o cavalo que é levado ao sacrifício
após ter sua pata quebrada.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hotel Fazenda

Nosso amor não morreu
Ele foi morar em uma fazenda
Junto à nossos cachorros da infância.

Errática


Eu a amava, mas não sabia dançar com ela
Quando rodávamos, nossos pés reescreviam no chão
um anagrama sem ritmo
E sem condução, cadenciávamos o fim.

domingo, 22 de abril de 2012

Groupie


Ela soltou a minha mão
Para aplaudir a banda
E nunca mais voltou a segurar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Real

Só em sua alma eu me fiz visível
Nos seus braços eu contorno a minha unidade
No seu intimo, eu me manifesto
Teus olhos semeiam a minha razão
Teu coração me desmede
Sou da forma que você contemporiza
Tenho a cor que você expressa
E o amor que você escolheu
Mas não sonhe com minha intenção
É no teu hábito que me faço real.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Destroca

Eu te dei um vestido azul, você trocou pelo vermelho
Eu te dei um sapato de couro, você trocou por um de pano
Eu te dei um buquê de lírios, você trocou por um de camélias
E então eu te dei um pé na bunda, antes de ser trocado.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A flor da pele

Tens a pele tão fina
Que atinjo teu coração com uma flor

Com amor é mais caro

- Você passa mais tempo na tv do que comigo
- Mas é claro, eu pago assinatura, eu tenho que aproveitar
- E quando não está na tv, está no computador
- O computador foi caro
- Então tudo tem a ver com dinheiro? Você dá mais atenção aquilo que comprou, que gastou mais?
- Claro que não
- Pois vou começar a cobrar meu corpo, quem sabe assim você não me enxergue melhor.

Sertão

Um poema seco nasce no sertão
Um poema miserável, que afronta o vasto
Um poema pobre de sentido
Que carrega em si
O vento de ser trágico.

Divinare

Nomear o vazio
Seria preenchê-lo
Então que morra assim, sem adivinhação
E quando virar tecido, célula
A ciência vai dizer se é inferno ou céu.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mito íntimo

Preciso desaprovar meu íntimo, desarranjar o sonho de cada terra molhada por vocação. Florear a alma, antes de presentear a carne. Desempossar mitos, para pisar em narciso. Deserdar o inconsciente e arruinar rituais da pele. Desintegrar o fértil, e ver nascer do milagre o comum.
É necessário para meu corpo, desorientar a meditação, e pensar só no novo
Calar o alimento, e multiplicar a palavra, rasgar o princípio, e o fim ser um previsível meio.
Preciso negar a natureza, e ser brutal em espírito, para gritar sublinhando meu nome, só assim deixarei de exibir o desejo
Quando eu reinventar a arquitetura , despojando casas, gramas e vento, estarei do outro lado da minha verdade, decorando outro tipo de afirmação, em um universo paralelo de boas intenções.
E mesmo fracassando em identidade, não repetirei mais nenhuma experiência

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Disposta

Sorri, como se o relicário fosse seu sorriso
Sorri com os olhos, como se tua Iris fosse o próprio ouro
E ri, como se não medisse o estoque da felicidade
Sem segredo, fazendo do próprio cofre o momento
E leva o riso, como matéria prima
Como matéria pluma, para minha escrita
Sorri, nunca sem motivo
Como se a importância estivesse no próprio riso.
Como se guardasse no riso, o que não se poupa na razão.

Desatento

Atento te olho
Te inspiro
Te escuto
Desatento, te amo.

Criaturas

Sou o sonho da sua sombra
Que desvela, se arrasta sem trunfo algum
Tentando deslocar-se da vaidade
Deleitar-se em repouso
Essa tua luz que hoje me remedia
É a emenda da solidão
Serei para sempre sonho da sua sombra
E você, luz de minha benignidade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Palavras

Quando as palavras se fazem inexistentes
Enterro-me em luto
E elas imediatamente caem em meu corpo como flores.

Incompletude

Quando me sinto cheio
Cheio de tudo
Reinvento-me em incompletude