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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Nós, os vivos

A vida é feita de guarda chuvas perdidos e isqueiros quebrados. Penso. Enquanto tento acender um cigarro já molhado. Meus óculos embaçados pelos pingos me impedem de enxergar algo além do fogo. A solidão á essa hora é monocromática e espeta em mim sua cor. Não enxágüe, não derrama. Lembro-me de teu rosto derretendo, tintas improváveis em meu coração. Um gosto de má noticia na boca, outro atropelamento talvez, mastigo o transito que entre meus dentes buzinam em tosse. São Paulo é tão santo sem você, e meu corpo tão endiabrado sem o teu, repito, repito como um alarme, como sirene, como os mortos. Os mortos repetem o que os outros mortos repetem. O homem é a morte do homem. E nós, os vivos ,mal entendemos dos mal entendidos.

Biologicamente Alterado

Depressão é quando deixamos a curiosidade de lado e viramos bichos programados. Tem mais a ver com a biologia do que com a pisque, já que ao tornamos animais não pensantes, não haveria razão para a pisque existir. Mas diferente de todo animal não pensante, que nasce, caça, reproduz e morre, o ser depressivo, é caçado, enjaulado e muitas vezes devorado. A depressão deturpa e altera a biologia do ser humano e não sua mente. O depressivo passa a lutar pela sobrevivência a partir do momento em que a vida se resume a comer e dormir, já que nascer nunca foi uma opção.Quanto a reproduzir, já é pedir demais, não?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Faça você mesmo

Ele que só pensava em suicídio
Quando pela primeira vez assaltado
Pediu pelo amor de Deus que não o matasse.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A loucura é um improviso

A loucura é um improviso, um desvio no caminho enquanto eu corro por indecisão, eu não escolhi ser tão indeciso, cada vez que a dor me dobra, eu me desdobro em dois. Não é por mágica que sorrio chorando, é pelo tempo que me resta. Na minha memória só há espaço para a vaidade, esse meu pensamento que envelhece a cada esforço, são como casas abandonas em pleno inverno. Eu finjo que sou útil enquanto meu veneno é antidoto para os fracos, a indecisão me apoia, o delirio me ergue e a maturidade me faz rei. Eu improviso a loucura, e surpreendo a fé datada, fujo das palavras obvias, quem vai reger o que não está no dicionario?. Meu comportamento é refugio de diploma, naturalmente bem conduzido entre quatro linhas de um poema.

Anti Matéria

As impossibilidades são feitas de palavras sonoramente possíveis, acalentadas pela imaginação e decantadas pela coragem de honrar a liberdade, de prever o alcance e calcular o pulo. A educação me limita, a trivialidade me obriga a ser comum, e o padrão que carrego em meu sorriso desfaz minha crença em ser original. A vida é um molde perecível, das certezas que saem da minha voz, só a felicidade é frágil. As impossibilidades são feitas de palavras sonoramente possíveis, e o irreal são realidades descompassadas em transe de um futuro incerto. O irreal é somente o não desejo de acontecer. Há desejo demais no normal, no morno, nos planos, no chão já caminhado por respeito. E a loucura sobrevoa as entrelinhas, sublinha o destino, a loucura é a trilha sonora da minha sanidade. Inverte, converte o osso em estranheza, unta meu corpo de utopia, e assim poderei rir de todas as promessas que não conheço.Vocé minha anti matéria.