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domingo, 13 de julho de 2008

Metamorfose ambulante

Acordo meio sem foco, meio sem rosto
Um desconhecido de mim mesmo
Me procuro,não acho
Não há nada que identifique meus pensamentos
Nessa bagunça, nessa casa de instantes
Arrisco-me a olhar o espelho, não me adapto ao que reparo
Não, a barba não cresceu, mesmo que pareço velho demais para meu corpo
Abro as gavetas, procuro alguma carta, que mostre quem sou, mas sem sucesso
Então, desço uma escada, que ontem parecia menor
Atravesso corredor, que ontem também parecia menor
Coloco um ou dois vinis para tocar minha memória
Que bobagem, pra que mentir?São CDs mesmo, se fossem vinis, eu me reconheceria
Toca alguma coisa dos Beatles,e outra do Cazuza, mas não, não estou em campos de morango
E definitivamente em nenhum trem para as estrelas.
Não sou passageiro de nenhuma estação
Sou passageiro de mim mesmo, não me aproveito
E quando vou ver, já não estou
Passeio entre paginas,que só falam de olhares de ressaca,mas não,ressaca eu não estou,se tivesse,estaria dormindo.
Desisto de me procurar,talvez era melhor ter escutado Raul,talvez eu seja,uma metamorfose ambulante.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Poesia monogâmica

Minha poesia é monogâmica
É feita somente para uma pessoa
Rima fiel
Versos mais fiéis ainda

Minha poesia monogâmica
Minha inspiração orgânica
Meu poema fiel
És só seu e de mais ninguém

Minha voz mono
Gama em ti
Só tem a saída para seus ouvidos

Minha voz mono
Gama em seus ouvidos
Só tem um carnal

Canal carnal
Monógama

Minha poesia orgânica
Inspiração mecânica
Que de tanto pensar em você
Virou monogâmica



Escrevo somente para uma pessoa
Sentimento fiel
Escrevo somente para uma pessoa
Escrevo somente para você

domingo, 6 de julho de 2008

De tanto teclar,as teclas grudaram em meus dedos,tenho todas as letras impressa neles,o vocabulário inteiro,menos aquele que não usei,o que limita nossa comunicação é a rotina do obrigado,todos querem informação quando estão perdidos,todos usam da boa educação quando estão pedindo,o que delimita a palavras é a situação,ninguém seria capaz de usar Shakespeare nos taxis,nas ruas,ou nos hospitais,todos sabem dizer oi,mas ninguém quer dizer o indizivel,o que é preciso é somente as três palavras mágicas,que fazem dos nossos dias nada mágico,pai dos burros rasgados pelo ostracismo,enciclopédias arqueológicas,tudo parece certo,quando já ditamos a rotina.Em nosso ditado diário,não há duvidas quanto a conjunção,junte duas ou quatro palavras,e pronto,seu dia já esta composto,junte três palavras,o obrigado,o oi e o tchau,e assim conseguira tudo que quer.