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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Durante a chuva

Cubra meus ouvidos com seu cabelo
teu cheiro é música para meu pulso
o que nos separa é a sede
o destino de nossas águas turvas
me consolo em teu plantil de planos tão serenos
cresce as folhas que outrora era erradicadas
minha memoria é um desejo que não morre
revisito a nostalgia como souvenier apodrecido
teu sonho é como ventilador na cara
enquanto meus pesadelos são moinhos
nossos olhos na contramão não são suficientes
é preciso mais um pouco de poesia para ser independente
e um pouco mais de calma para ser ultrajante
me rebelar contra a timidez
é o fracasso de minha condição
que me conduz para ser testumunha do que não é congénito
procura-me nos seus versos e vai ver que nunca saí do seu calendário
aprendi a usar o passado a meu favor
e caminhar durante a chuva.
São relapsos do céu
os relampagos que apagam um Deus morto
eu queria morar naquela sua foto
mas apenas passei dias em sua máquina
não adianta embrulhar o presente em papel passado
a melancolia é o paradigma de meu reflexo
o refluxo do não querer encabulado
gravo em meu espelho tudo que um dia não vai voltar
a perda é o cadeado de meus dias
sua clave sua chave suas perguntas
são indecentes demais para minha tristeza
eu quero me refugiar em sua tatuagem
e viver além de meu interesse
me manter vivo e jogar no lixo todo hedonismo
hedionda preocupação com seus vasos sanguineos
Aprendi a caminhar no sol
e a usar a vida a meu favor.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Resvala

Adestre meu desastre
Seus astros castos não rodopiam o meu destino
O pião que roda a roda de minhas escolhas
É o quinhão que surge em minhas insônias
Tudo que valeu apena
apenas resvalou em mim
Como nossos lábios
Hábil tempo de ser feliz
Valei-me de todo cuidado
Há um vale encantado em toda sua entrega
O sol que é teu astro
Percebe-te na fresta
Eu que sou teu frasco
Perfumo-te de fragilidade
Assim como teu beijo
Aquilo que só resvalou
Revelou-se ser a minha maior alegria.
Que a onda aponte o mergulho certeiro
cansei de só molhar os pés em sua água.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Vaidade

Hoje a sua urgencia é calada
Esconda de mim seus pelos
e eu afasto o que não decifro
não devore a minha incapacidade
a tua sede é o meu esquecimento
Eu destruo o que não é o meu forte
meu pranto é kamikaze
Errei quando acertei seu alvo
os deuses não jogam dardos
Seus pés fugiram de mim
mas suas mãos me mandaram cartas
Os braços que hoje busco se ocupam de fumaças
A boca que quero beijar se preocupa só com o vicio
É por não te entender que te amo
é por não se entender que não me ama
Atrás das arvores vejo seus sonhos
Seus sonhos são prédios,mas seu amor é natureza
Posso fazer um museu de seus misterios
teu coração é arte moderna
Voce é rainha do diluvio em que quero me banhar
Quando pisares em meu pé,alcançara o descaminho
e então será tão livre quanto um mouse sem fio
Não há motivos na loucura nem sanidade na razão
aquele meu peito te acorda
o seu peito me faz dormir
Dormiremos sobre o acalento de minhas promessas
Há uma nova vida entre nossos abraços
há uma nova vida entre suas pernas
há uma nova vida dividindo nossa insensatez
A sua estrada é toda de vidro e é por isso que sobrevoo o seu teto
Não devore meu pranto
pois eu não alimento o seu perigo
Sou mais confuso que a sua vaidade

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Perdas e Ganhos

Reparei na mancha de café na blusa dele e ri discretamente,em minha cabeça só as crianças sujavam roupas com comida,e era engraçado ver cabelos grisalhos e manchas de café em uma mesma pessoa.Aquele senhor em minha frente,tinha um ar de quem sabia que a sabedoria só é possivel na infancia,quando me sentei ele não estendeu a mão e apenas sorriu,a primeira coisa que disse foi - As rugas dificultam as lágrimas.Então perguntei por que chorava e ele disse que era por que tinha rugas.
- Eu espero não ter rugas.disse em tom de brincadeira
- E eu espero não ter espinhas,respondeu com ironia
Era verdade,meu rosto era um hotel cheio delas,ali se hospedavam traziam filhos,netos e amigos,passavam férias,carnaval.Ele continuou se lamentando enquanto eu prestava atenção em cada palavra sua.
- A vida é muito dificil para um velho como eu,perco coisas que não queria perder,ganho coisas que não pedi.
- Mas em todas as fases é assim.tentando ser atenuar um pouco sua tristeza
- Na velhice é mais,todo dia perco algo
- Quando somos bebes,perdemos os dentes de leite e ganhamos dentes novos
- E quando se perde os novos?
Fiquei sem o que responder,mas para não dar tempo de pensar,imendei outro raciocinio
- Na adolescencia ganhamos pelos,perdemos a inocencia e ganhamos mais testosterona
- E quando perdemos a ereção?
Novamente era uma dessas perguntas sem respostas,pelo menos não havia pensado em nada de bate pronto,então continuei
- Na fase adulta,trabalhamos muito e esquecemos nossa familia
- E quando se perde a memória?
já então cansado de tanta relutancia da parte dele,perguntei
- Então na velhice só há perdas?
-Não,eu ganhei muitas coisas,como dentadura,bengala...E riu como uma criança,percebi que ele não estava sendo hostil,apenas queria resposta para a vida ser tão injsuta
- A vida é boa.eu disse em um tom de esperança
- E quando está para perde-la?
Finalizando todo o questionamento,e me deixando com medo de envelhecer.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dois Espaços

Dei sol
cometas
lua
estrelas
nuvens
Marte
Plutão
Urano
mas ela precisava mesmo era de espaço e não do Espaço
Entendi errado tudo errado.
Todo espaço não é suficente para o espaço que você pediu.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Simplório

Só sou complexo
por não gostar da minha simplicidade.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pólvora

Seu coração é uma calúnia
Conluio de pesares
com a luz me calo
com a loucura me apago
A dádiva me causa dúvida
e me divide entre dividas
O que impede o sol nos meus olhos
é o doce desencontro
Até meu sangue está pálido
Impávido dominio sobre minha coragem
ávido de promessas e asas
A polvora que povoa meu peito
não apavora o medo
A alvorada é só o alvo do sol
e o sol é meu pavio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sondado de chumbo

Quanto tudo é permido,meu limite me proíbe
é ele que me rouba a liberdade
a liberdade de se sentir além
a liberdade de circunscrever a praia
a liberdade de dar margem a lua.
A minha alma censura o que não é de mim
o que não faz parte do meu céu.
o que não se encaixa nas minhas palavras,sobra para o vento
o vento se encarrega de tudo que se parte.
O meu lamento é o alimento da minha resignação
meu manto não é de nenhum santo
cobre meus ombros aquilo que não se pode ver.
As minhas veias envelhecem meu sangue.
O que desloca meu corpo
é o que sempre aperta o meu peito.
Meu coração tardio
amanhece em seu tempo.
A minha maior arma é minha chave
e a minha calma vem do medo.
Meu choro é deselegante
é o insulto dos meus olhos
e é impossivel fingir cura.
mais do que o necessário,mais do que existencial.
Eu preciso defender a minha paz
o meu pandemonio de incertezas
meu patano de crendices
e meu caminho de achismos.
Eu inauguro a dúvida em uma cruz
e enferrujo de chumbo o meu coração
É preciso trancar a porta
para saber o que se tem dentro.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Estacionamento

- Eu as vezes acho que minha vida é um grande estacionamento vazio,com raras excessões fica cheio,as pessoas entram e saiem dele com a mesma velocidade e frequência de um.
- Mas estacionamento do que?de shopping?de supermercado?
- Ah não me venha com brincadeiras,eu to falando sério,mas já que tocou nisso,parece um grande estacionamento de shopping em uma segunda feira,aonde as pessoas permanecem apenas o tempo suficiente para não paga-lo,para não se apegar. Mas na grande parte do tempo,é um estacionamento de algum hospital.
- E eu pelo contrario,entro e saio desses estacionamentos a minha vida toda,e acho bem pior
- E por que é pior?
- Por que esquecer aonde deixou o coração,é pior do que não saber aonde deixou seu carro.
-É isso acontece comigo,as poucas pessoas que permaneceram um bom tempo,é por que não sabiam aonde era a saída.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Mi casa su casa

-Estava pensando em algumas mudanças no nosso relacionamento
- Como quais?
- Um relacionamento mais caseiro
- Ah sim,é uma boa idéia,eu na sua casa,você na minha.
- Na verdade não é bem assim
- E é como?
- Eu na minha casa,você na sua.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Contando estações

- Quantas estações faltam?
- Para chegar na minha casa?faltam 7 estações
- Ah sim
- Eu odeio esse assunto,essa coisa de perguntar quantas estações faltam,parece falta de assunto,quando to sozinho eu vejo esse tipo de conversa e me dá asco.
- eu pelo menos tento puxar um assunto.
- Tudo bem,me desculpa.
- Mas e agora,quantas estações faltam?
- Você só pode ta brincando né?acabei de falar isso e vc me pergunta?passamos uma estação certo?se antes era 7,agora é 6,parece criança que fica perguntando se falta muito para chegar.
- Voce que é infantil,de se irritar com isso.
Passam algumas horas...
- Faltam quantas estações?
-Agora faltam 8
- Oito?mas não faltavam 6 aquela hora?
- Sim,faltam 6 para a minha casa.
-E oito para aonde?
-Para a sua.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dualidade

Meu grito é pra quebrar a sua serenidade
você não confia em minha coragem
e eu tenho que amordaçar a dor
você parte do pressuposto que se há silêncio tá tudo bem
E eu tento demonstrar uma instatisfação muda
Quando grito saí tudo,menos palavras.
Você é cética e otimista
e essa dualidade me cansa cada dia mais.
Ganância,é querer ser Deus.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O susto e a fuga

Eu me concentro na minha distração,sou compulsivo,em minha repetição,um passo pra frente também é desespero.A minha maior dádiva,foi a ciência que me deu.Sou vítima para depois ser intimo.O meu maior equívoco é não encontrar nenhum erro,o mundo me afasta da sensibilidade e a profusão de sentimentos não me deixa pensar.Quase tudo começa no susto,quase tudo termina na fuga.