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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sonífero

- Vou te confessar, ontem quando você estava dormindo, te beijei
Ela imediatamente feche os olhos, ele sem entender pergunta :
- O que está fazendo?
- To fingindo dormir que é pra ver se você me beija de novo

domingo, 28 de agosto de 2011

Esmurrando facas de dois gumes

Ninguém sente falta das tentativas depois que termina o murro.
A mão não se cansa, mas a faca continua a sangrar
Mudaremos a ponta, mas não mudaremos a força até darmos murros em facas de dois gumes.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Salvar Agosto

Ela veio para salvar Agosto
ela veio para salver o mês
quiçá o ano
quiça a vida.


Reduzido

Eu ando tão egoista, que só o amo o que invento
Perceber não é pensar, é cair em realidade
minha memória é meu tempo, é a linha exata de meus erros
o meu abrigo enquanto a rua é desassossego
Meu coração é minha culpa, é a crença do que devia dar certo
Só perco, o que não descobri que perdi
não é preciso invadir o corpo para a matéria estar viva
mesmo que recente, o desprazer ainda me envelhece
e me reduz a idéia, morrer é ser reduzido a uma idéia
Meus olhos embranquecem diante do que não mais me pertence
tudo que não me lembro permace com hálito puro
e se revejo, é como um recem nascido que só conhece o escuro
fragil demais para voltar ao fim, forte demais para fazer um recomeço
Quantos modelos ei de seguir, até padronizar a dor?
do demodé que invejo, estranho-me no comum
Me equilibrar em voz sempre foi uma tentação
é no inferno que desafino
então me calo pela vergonha do eco, calando também o eco
sem asas não há efeito
e a causa ainda é trair o futuro
do paradoxo que viajo, estatico ainda é a burrice
É que Deus, quase nunca experimenta
e eu, quase nunca sonho
Impressiona-me, eu querer impressionar tanto
meu egoismo é autoflagelo
é a única coisa que me resta em solidão
meus dedos não suportam meu corpo
e é por isso que escrevo em demasia
Meu alivio só vem na vaidade
Eu busco em qualquer admiração, um destino que não é meu
Eu não vou decorar o sucesso de quem não me conhece
Prefiro me resguardar em frustração.


Perda de tempo

Esse prazer é perda de tempo
a solidão é contrapartida
é contragosto
é inquieta
do corpo que se ama, só o fim
e o fim não me salva
de nenhuma roupa rasgada
sozinho eu não minto
é preciso um outro ouvido para fingir
quatro pernas para dissimular
é preciso ignorar o rosto
alinhar as costas, quando se cansa dos seios
esse prazer é perda de tempo

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Leitura Dinâmica

Eles se deitam, preparados para mergulhar na intensidade
ambos concentrados, esquecem o mundo
ligam seus respectivos abajures, e começam a tirar devagarinho
ela abre todinha, ele mete a cara
ela percorre com os dedos, e ele tenta decorar as linhas
ele com o livro : " Como dar orgasmos a sua mulher"
e ela com o livro : " Como fingir orgasmos".



domingo, 14 de agosto de 2011

O canto é mais alto

A cama se arrasta pela madeira
O suor ressoa
o movimento reverbera em prazer
límitrofe os corpos organicos se transformam em orgasmos
Amalgamar alma e sexo
ela geme
grita
chinga
bate
e
Goza
vai para o chuveiro
e eu berro :
- Canta baixo, se não os vizinhos vão ouvir.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

In- comodos

Desafio sua retina e desalinho em desculpas
Afiado esculpo o abrigo
Enfeito o efeito das frases afoitas, que saem como casas á beira-mar
Do estilete que enferruja tua dança, do engenho que transforma perfume
As portas salgadas agoniam a cordialidade, de ser bem- vindo em lugar qualquer
Sem tapetes para julgar o privado, sem café para oferecer ao público
Quebre as janelas se não pode se livrar de mim e assim acordarei em um novo conserto
Nosso quarto já não é bem visto, das laranjeiras que insistem em nos abandonar
Pisa teus pés no forro sem fim, ou afunda no corredor sem esperança
Tormentas teu canto de oração
A liberdade é só uma banheira vazia
E o quadro que incomoda por ser em linha torta, não foi Deus quem fez a inadequação
Nem as escadas que levam ao mesmo lugar
Ateará fogo no chuveiro que respiga sexo
Da natureza que molda o homem, só o crime é selvagem
Abrigará a terra e o céu, enquanto durmo em tempestade
Cubra teu corpo de couro, enquanto a cama exibe solidão
Dos travesseiros que hoje dispenso, restará o barulho da madrugada, que diferente do mar
não poupa nossos corpos.
Tua visita que polui meu estado, é o centro da beleza rendida
Não mais dançara com os predios, nem tomarás com as mãos a avenidade
Se queres minha terra, vai ter que plantar o mais belo doce
Da tua visita não vai carregar nem mais o denso filtro
nem mais o fragil costume
De nada mais importa se o chão é desconhecido, gozaremos no teto
e tomaremos conta de tudo que um dia foi desperdiçado
não por afronta, apenas por egoismo.




terça-feira, 9 de agosto de 2011

Santo sem você

A calçada insatisfeita cria flor
Enquanto os carros invejam a minha pressa
Os prédios recaem sobre a minha indiferença
São Paulo é tão santo sem você
E a vida é tão endiabrada sem teu corpo
Seguro o cigarro não mais a sua mão
Do vicio que salva, prefiro teus dedos
Engarrafa os planos nesse mar de concreto

Tesoura

E quando fores embora
cortarei meus cabelos
para que eu não sinta mais falta de seus cafúnes.

A satisfação é uma sátira

Do revolver que atira
Só sobra a quente ironia
Do meu fôlego incompleto
Do árido corpo que sacia

A satisfação é uma sátira
Que corta o fogo em fatias
A satisfação é uma sátira
Quando o desejo é uma dádiva

Do revolver que atira
Só sobra a quente saliva
Do meu fôlego incompleto
Do corpo sólido que caia

A satisfação é uma sátira
Da sadia imperfeição.