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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Solidão

A solidão não se distrai
ela é atenta aos meus gestos
vigia meu sono
a solidão é a insonia enquanto sonho com alguém ao meu lado
Não finjo ir embora, ela não cai em blefes
A solidão é própria hipnose, em dias sem cura
Desvio o olhar, mas ela é o ilusionismo que não revela seu truque.
A solidão se faz moradia na metamorfose
Ela não é mais a madrugada e sim a dona do tempo.
De tanto observar ela se exibe
A solidão está sempre a espera que eu a perceba.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Avesso

A pressa da despedida
é a calma da solidão
a separacao é movimento
e estática é a impressão de saudade
de tanto imaginar teu grito
me viro do avesso, para demonstrar que te amo.

sábado, 16 de julho de 2011

Pais e Filhos

Sr Francisco se aproximou da moça que ocupava todo o banco
Esticou suas mãos enrugadas mais do que sua artrite permitia
Recebeu ao encontro, os anéis mais brilhantes que por um segundo interveio na escuridão plena de sua visão
Ele se sentou, acomodado pela leveza do momento, que emanava da bela jovem, ao reconhecer um velho parente.
Ao final, levou em direção a bela moça, sua suntuosa muleta, oferecendo-a e disse :
- Tó, e o que você tem pra mim?
Ela, se move, o olha, e não tem duvidas retira de um de seus punhos, uma singela pulseira e a entrega, nas mãos, que o fecha, se assegurando da mais bela troca, que um pai e uma filha podem realizar.
A vida, e o tempo.

Super - Homem

Quando criança ganhei uma roupa azul, na verdade um uniforme, não que eu tivesse pedido, eu nunca liguei muito para essas coisas de super - herois, e até receber uma boa explicação didatica de minha mãe, achava que o compunha a roupa, atrás, era apenas um acessorio esquisito para deixar a roupa ainda mais emblematica. Roupa tal, que nunca me convenceu de nada, alias, sempre me deixou meio bobo, tal fato contrariado pela minha mãe, pois tinha que ouvir o alarde, dizendo que aquela indumentaria toda não me faria voar, e ela tinha medo, caso eu tentasse. Eu nunca dei bola para a capa, nunca dei importancia por saber voar ou não, pois quem voa, nunca saberá cair. Hoje a janela do quarto tem grades, e mesmo se eu quisesse, minha mãe jamais me voltaria a dar uma capa.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Despreparo

O Despreparo para merecer
a habilidade de seguir em frente
Eu não insisto em ser velho
Meu patrimônio é existir
Se tudo que eu crio é a partir da vida
Tudo que sou é da vida então
A frustração não é complacente
Quando o injusto sou eu
A vida que falta em mim
É a insuficiência de meus dias
Desejos menores
que não vão caber em minhas previsões

A morte

Toda morte parte do irreconhecivel
parte em desemelhanças
Envelhecendo o cansaço
de não identificar o faro
Entre o novo e o velho há o delirio
O delirio de não se mover em distinção
A paralesia não é morte
Desabar é morte
E o gosto que não se admite nem com lembrança
Longe de se legitimar em nostalgia
Quando não se estranha o novo, é morte
Morte é a tradução de uma lingua ainda não inventada.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nariz de palhaço

A unica lembranca que tenho de nós, é um nariz de palhaço, e penso no sentido simbólico e metafórico do mesmo. Eu sendo um palhaço que carrega no paletó uma daquelas flores que espirra água, já que minhas tentativas de ser romantico, ou te faziam rir, ou de alguma maneira deixavam seu rosto molhado.

Tudo acontece

Reviro o armário, a procura de provas, nada muito consistente, alguns papéis, talvez algum souvenier, ou foto, um bilhete serveria. Jogo tudo na cama, cds, livros, mas não encontro nenhum indicio, nada para elucidar meu verbo, continua em misterio todos os deja vus causados, e todos os sonhos cosntantemente repetidos, as noites mal dormidas são feitas de descobertas mal planejadas, então eu tento acender a luz de uma vida que já se foi, e permanece com as digitais silenciadas pelo tempo.É isso, um crime silencioso, um enigma exultante, da qual nenhuma lembrança foi arquivada, você castrou todos os rastros. Renuncio a busca, e aceito que só é eterno, por que não tem explicação.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O ponto de Ônibus

Me sentia próximo do fim, sem ao menos ter te abraçado, e era como ter uma insonia sem sonho, quando todos os canais saem do ar, o que sobra é esperar, esperar você ir embora, assim como minha casa me espera. Todos os dias passo por aquela calçada em que você me deixou, em direção contrária ao meu anseio, deu a volta completa para rir do meu desastre. E ali, tão perto do meu abrigo, eu te incentivava a me deixar, pois para mim, valia mais sua segurança ao ir, do que sua indecisão ao ficar, sempre pensei que a segurança está na veemencia, e não na confusão. O ponto sem nós, é só mais um ponto sem nó, só mais um apoio para os cansados. Vejo as pessoas se escondendo da chuva, exatamente no lugar que você se escondia da solidão, esperarando encontrar teu quarto, com a mesma esperança que eu tinha de encontrar teu beijo.O que pra você era ida, para mim era só um começo. Hoje passei pelo ponto, e você não estava, por que certamente, já passou da minha vida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Axioma ou a arte da auto - ajuda

Há um lado bom quando a vida está de cabeça para baixo
fica mais facil de ler no rodapé
a resposta para todos os problemas