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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ode ao Brasil

A minha língua é um canteiro de obras
Meu peito sempre em reforma
Da leve arquitetura
Seus abraços elevam
O troféu de açúcar e sal
Transfiguram na matéria prima
A rima do açude
A jangada urbana
Pesca pedras em regras gramaticais
No asfalto que é peixeira
até o verde já foi pisado
Como sangue de Antonio Conselheiro
a sujeira exilada
Louvo o teu cordel
Tua velhice me ensinou a escrever
Em seu trem,nem só de cafécompão cafécompão cafécompão viverá o poeta
O amor sobrevive a sertões
Não há seca na palavra
Ordem e progresso como bússola
Em uma tarde em Triunfo
Da navalha surgirá o País
Do trabalho escravo dos livros
Que se acorrenta nas arvores
Passaportes em fronteiras
A minha palavra corre fronteiras
Disseminando em teus rios
Não há memória sem luta
Como não há luto sem morte
Canto teus passarinhos
Na ditadura e na copa
As tuas favelas
Até o céu conhece
Em teu Cristo que sobe os morros todos os dias.

2 comentários:

Nadja Reis disse...

'Pesca pedras em regras gramaticais'

Muito bom!

Poesia em estado bruto!

:)

Johnny Nogueira dos Santos disse...

Poema lindão!!!
Queria só ter mais certeza do que diz especificamente o trecho:

"Do trabalho escravo dos livros
que se acorrenta nas árvores".

Foi a frase que mais gostei!!!!!