Páginas

sábado, 17 de março de 2012

Quando eu soltava a voz

Eu tinha certeza que a amava, e tamanha certeza, era provida da cantoria no chuveiro. Eu cantava sem vergonha alguma, algum samba sem vergonha. Ah, e como era bom cantar sabendo que você no quarto ao lado cantando em pensamento. Era bom soltar a voz depois de ter me desprendido de tantos medos e receios. Depois de só ter sussurrado na cama. Era hora de cantar a alegria pelos sussurros dados. E eu cantava com o peito que você tinha aberto com teu carinho. E era tão fácil cantar, nosso sexo fazia bem para minha voz. Mesmo que depois um pouco rouco, o gosto do teu corpo na minha garganta, me fazia cantar alto, limpo. Cantar no chuveiro era como enxugar a alma que tinha sido lavada em seus beijos. Depois de murmúrios, rangidos, sussurros, cantar no chuveiro era o meu orgasmo final.

Um comentário:

Anônimo disse...

chuveiros, sambas de despedidas, a água chegando até o ralo, e orgasmo final = provas de que o amor chegou ao fim, ou que ele nunca existiu.

belo texto, moço.