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quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Teus olhos castanhos
Acanhados aos meus
A cunhar sonhos castos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A quadrilha

Luis roubou chico, que traficava para Alberto 
Que pagava a prostitua Raquel 
Raquel era amante de Paulo deputado
Que era vizinho de Rodrigo 
Rodrigo. Que era policial prendeu Hugo que era estudante
E nao tinha cometido crime nenhum

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aurora

A aurora a florear a minha nuca
Renasce a fina flor no peito
A cada aurora,florea um samba
Em um infinito que não desafina

Teu canto, cabrocha
é de bom tom
e desabrocha, qualquer botão.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

No meio do caminho tinha um poste


No meio do caminho tinha um poste
Que nos obrigava a separar as nossas mãos
No meio do caminho tinha dois postes
Que nos obrigava a dar 20 passos sem as mãos dadas
No meio do caminho não tinha nenhum poste
Dávamos a mão
No meio do caminho não tinha nenhum poste
Mas tinha uma arvore
Soltávamos a mão novamente
E o meio do caminho, não parava de surgir
Mil arvores, mil postes
No meio do caminho tinha 30 cestas de lixo
Soltamos a mão o caminho inteiro e andávamos calados.
Depois do caminho inteiro de mãos soltas
Resolvemos andar no meio da rua
Morremos atrapalhando o trânsito
De mãos dadas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

No que pisamos quando não gostamos de andar

Trouxe duas cervejas. Antes de entrar em casa, na soleira, sequei as duas latas. Apoiei meus pés nos livros, se não consigo ler, que pelo menos eles possam me servir de algo. E deixei assim, os versos longe da boca. Sobravam a vontade para os vícios, os hiatos do verbo na minha boca.
Não mais hospedava meus passos no seu desconforto, sonhar era mais fácil que quilometrar o desapego. O espaço que nos separa dobrou o tempo do encontro e até os viadutos, se esqueciam e se lembravam em paralelo com nossas indecisões.  No meu colo, carregava o vazio do seu descuido, e sem reconhecer teu andar, descansava meu caminho.
Entre a calçada e a porta, eu teria que andar por infinitas estradas. Entrar naquela casa, era reconhecer as minhas inúmeras fraquezas, a minha fragilidade, a sua força intensa. E eu nunca soube dar meia volta.  Então, eu preferia cambalear a ter que me acercar de sua cintura, ainda que seu umbigo me atraísse como um sol. No meu delírio, eu orbitava, passeando por seus seios, seu ventre. Eu só orbitava, sem nunca ser protagonista afinal.
Engoli em seco e abri um dos livros-apoio-de-pés. Procurei qualquer verso de amor que te falasse por mim. Que te falasse amores ou saudades. Que te falasse mistérios ou novos medos. Qualquer verso que me poupasse de minhas palavras secas e cansadas.Qualquer verso que coçasse nossos pés, qualquer métrica que mapeasse ou instigasse teu significado em minha percepção. Depois de alguns goles na cerveja, toda poesia cinética caminhava no azulejo gelado que eu tanto evitava deitar teu corpo.
Desisti de te dizer qualquer coisa. Só queria devorar faminto a sua boca de tantas palavras, agora doces, não mais do que uma lembrança, não mais que adivinhação, palavras-além-pés.

(Parceria com Luara,
http://aquarelavel.blogspot.com.br/ )

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Meus fones de ouvido


Você se foi, e levou consigo os meus fones de ouvido, e foi como se tivesse levado para si, a minha audição, o meu autismo.
Você no contraponto, colocava os fones para  ouvir a saudade, e do outro lado eu tapava meus ouvidos, ensurdecendo a falta.
Ela levou meus fones, desalinhando meu bom gosto, a linha tênue entre meu esforço e meu recalque.
Levou os fones para ouvir freqüências que eu nunca conseguia atingir, em equalizações que eu nunca consegui prometer.
Meus ouvidos desconcertados, descompassados, a imaginar a tua voz. Tentando compensar a aflição, desencapado de medo.
Sem os fones, eu escutava as vozes da minha cabeça, e nenhuma era a sua e como em uma transmissão de arrependimento, eu me desligava em dó. A tua voz era uma imagem  mental,  que levou o equilíbrio e um abismo cego me tomava sem música.
As vozes inventadas carregavam minha cabeça, enquanto você ouvia a ausência de nossas conversas.
Você se foi, e levou consigo os fones, desfigurando meu impasse.
Meu silencio vagando por estradas surdas, e nas curvas dos teus murmúrios, eu fenecia.
Eu me lembro de ouvir outro disco, enquanto tua boca desligava minha cabeça, e na disritmia eu aceitava suas flores.
Mas tuas despedidas, arranhava meus ouvidos, e as declarações injetadas, sem ritmo, se repetiam sem nunca encontrar sincronia.
Eu ouvia, o amor amiúde, das palavras traduzidas por outro ouvido, da boca que regurgitava o obvio. Então olhava para suas gengivas, sujas de clichê, e nas desculpas paliativas, no fio dos teus dentes, a retirar as anedotas que rasgavam a minha canção.
Canção dos olhos, composição da calma, que nunca entendeu o teu pensar.
Era um samba mal sujeitado, cantado ao pé de um ouvido doente.   
E em um dissabor eu fantasiava outro porta bandeira a ostentar a teu sorriso. 
Meus fones em outros ouvidos
E eu corria para o meio fio, a gritar desafinado, o teu silêncio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Estrela


E a nova estrela
A estrear meu pensamento
A instruir meus olhos perdidos
Entrelaçada em meu pescoço
A trair meus pés
Mas com teus olhos atrelados 
Não mais me distraio
Fujo do estreito
E me atento ao teu mundo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O surreal peso da lua


Meu desespero
Desvencilha o impulso
Um feixe de grito que não emociona nada
Inebriado, finjo riso
Solitário, desconheço a graça
Abrigo em minha opacidade, a intenção.
Oco, guardo todos os empecilhos no pensamento
Pouco me importo, se não poupo o acalento.
Meço o espaço do lamento, no surreal peso da lua.
O artificio ótico que preenche a ilusão de quem teima em sonhar
E queima e encolhe, o desfoque que não aproxima as horas
Ei de pisar no erro
e desenterrar a bandeira que hoje encobre minha visão.
Meu vazio a enluarar a planície.
A marginar o pouso, sem nunca ter voado.
Da luz pictórica só a loucura me fascina.
A desavença da terra com meus pés
A inflar o meu tempo
Meu rosto convive com os pássaros
De tão distraído, não percebo o espelho.

Poema

Um poema a pigmentar a tua pele
Precede o silêncio cego
Da Pálpebra que traduz a premissa
Apenar o caminho, que alfabetiza a língua
Do lábio que se ama, é que se lê o beijo
Teu punho à prometer o sonho
Tua pele a inteligir meu peito
Meu pelo, minha boca.

Um poema a pigmentar tua pele
Apotegma de meu sentimento
Pormenores veias
A verbalizar a dádiva
A permear em meus poros
Todo vocabulário.
Que compreende em teu pulso
A minha consciência.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Infância


A espinha que abrasa o martírio
Desafina meus pés
Verte o susto que desaponta o perigo
Sintomatiza o passado no corpo e o futuro na mente
Atomiza a provação, eterniza o fascínio
Descobre a palma, salta desbravada a  má sorte
Salta até se desdobrar em chuva.
Discorre a água, e isola meu medo.
A distancia descalça meus passos
Meus joelhos desencantam o desastre
Desconheço o rosto que desgasta meus dedos
Desfilo a ríspida inocência
Não desviro a chave.
Nem recorto a luz
da boca que desanuvia o choque.


domingo, 19 de agosto de 2012

Marasmo

Afogo meus espasmos nesse marasmo de fantasmas
Miasmas anímicos em carruagens alegóricas
Membranas em rotação fundem a ausência
O fanatismo que ilude o alivio
Empesteia cada partícula de sal
Funesto a esmo
A mucosa inquieta abranda o ferimento 
O cardume de sinapses que dispersa no egoísmo
O pasmo que endurece o abismo
O milagre que por osmose
Espuma fé.
Minha boca que por mesmice 
espuma dó.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

O correio não passa


O cachorro vira lata
Do dono catador
De lixo.

Em casa de analfabeto
O correio não passa.
Mas o cachorro late.

Falta afeto
No asfalto
Calçados na calçada.

E a casa
Que desmerece o mero morador
Desmorona.

domingo, 5 de agosto de 2012

Carnear

Um coro de confetes
Queima o covil
O bobo carnavaliza o riso
A corte canaliza a carne
Carbonizando a quarta
Carnear a coroa
Que não vira cinza.
Pois não há rei
Que reencarna
Na carniça de um Zé.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Fiapo


Desafogar o zumbido
Que me amarra em transe
Velando o pouso
Envolto a palavras fósseis

O silencio que tapa meus ouvidos
Não me previne de nada
Na pele aguda que retrai
A turva temperatura
Que queima o inconsciente.

Não cobre a dor
Nem o rústico espírito
Que lamenta e estala
A cada desafeto

Inflexível flecha que aponta
Alveja o sentido que se perde em descuido
Tenho em minha madrugada
A fé cega, que só escuta a demência.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gosto Ruim


E fica um gosto ruim na boca
Quando hasteio
E não meço a proteção

Quando cambaleio
e perco tua altura

Quando me disperso em repetições
No refluxo do teu cuidado

E fica um gosto ruim
Quando amanso tua pressa
E dispenso tua cura

Fica um gosto ruim na boca
Quando resguardo sem previsão
E não calculo o teu reflexo.

Um estandarte impreciso
Na porta que me extermina.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Antimatéria


Tristeza é antimatéria
Do sonho que mastiga
Desaprova o desvalor
O doce da língua, da massa, do corpo
As pontas dos dedos que disformam o amargo
Da palma da mão que resguarda a promessa
O gesto lúdico de apelidar a pele
Decoro o teu gosto, mas não o teu sentido
Que é leve e fomenta a superstição
Mastigo até ser matéria
Do sonho que se multiplica
Até saciar a realidade
A luz também engrandece
Na superfície da paz
Clareia até não ter sombra
Que a penumbra é antimatéria 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Lembrança Baldia


Eu finjo envelhecer, enquanto te espero
Desplanto meus pés para fugir da febre
Não vôo, espero
Há ar demais em meus ossos
E chão demais para a espera
Meu pulso umedece as horas
A lembrança baldia
Do rosto que não cultivo
A boca calada, saliva
O assimétrico vento que fragiliza
Liquidifica teu atraso
Não há mar que espera tua onda
Nem alento sem teu sal
Espero
Espero, e finjo adoecer.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Palavras sonâmbulas


Eu que apedrejo palavras sonâmbulas
Imergido no limo que estagna minha boca
Das plantas que formigam no concreto
Trespassam e umedecem meus olhos
Eu que desteço palavras mofadas
Submerso na decomposição
Das plantas que devoram meu silêncio
Trespassam entre meus dedos
E umedecem a boca sonâmbula
Das palavras que viraram pedra.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Candeia de flores

Raiz estreita
Meus pés secos
Vejo tudo se alongar
Por onde o sol não quer nascer

O vento arranca a vaidade
Dos ganhos que só fazem tempo

O caminho vai murchar
Até virar mentira

E no fim enegrecer
Pois não há
candeia de flores

Se for para correr
Deixa a cor se dilatar.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Folheto

Você não quebra
Pois teu peito é dobradura
Que na queda
Navega
No mar de brochura
E se desdobra até virar saudade
E se desdobra até desalinhar o meu prumo

Já o meu peito rasga
Espumo
E engasga em teu mar
Se afunda sem escapar dos corais
No leme rasgado
Encaderna o cais
Abraça teu fôlego, e salva o teu nó 
Virando folheto de uma folha só

sábado, 16 de junho de 2012

Dentro


É dentro do seu jeito manso 
Que eu me sinto imenso
Dentro da sua delicadeza 
espreguiço toda minha felicidade
E endosso minha calma
dentro da sua doçura.

Que eu morra antes


Que eu morra antes
Que eu morra antes da minha aparência
No limiar de uma possível prova
Que eu morra antes da vaia
Para ser aplaudido no enterro
Que eu morra antes
Antes que todos descubram que eu não era um sábio
Que eu morra antes
Mas não sem antes suscitar o êxito
Mas não sem  antes inquirir apostas
Que eu morra antes de apostar com a vida
Que eu morra antes
Mas antes serei amigo do músico
Antes serei amante de atriz
Antes serei  filho do diplomata
Que eu morra antes
Antes que todos descubram que eu era incapaz.
Antes que todos descubram que eu não amava a vida

Malditos

Bendita a bondade que não é confundida
O silencio que não é permissivo
O pessimismo que não anula o sofrimento
Bendito o riso que não fere
Bendito o respeito que não precisa ser dito
Maldita
Maldita a ironia que camufla o sangue
Maldita a liberdade que perde a cor
Maldito o ingênuo que generaliza a dor
Maldito entre os dentes, bendito calado.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pulsão escópica

O meu olhar no seu não sou eu, é meu pulso que suplica pelo teu.
Com meus olhos descubro tua ausência
O meu olhar onde você não está, esse sim sou eu.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Psique

Quando eu te conheci, um deus
desses alados que vivem atirando flechas
disse : Vai, Iuri! vai ser feliz no amor.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem previsão


Tenho medo do seu mistério doer mais que a morte
E desvendar o azar de quem sempre perde um amor
Dito o respeito, da lei que rege um coração
E és tão leal, quanto à ciência sem resposta
Eu me mostro sem previsão
Sou o oposto da vidência
Distorço o silencio da língua
Que desloca teu peito sem ritmo
Desnorteio o corpo, a lágrima nunca perde o rumo
Em minha educação não existe o mal
Bem aventurado me deito
E me frustro por falta de cantiga

Não sobrevive sobre o amor


Posso perder a razão
Mas não deixo de declarar o meu amor
Incondicional é o descontrole
Não vou sobreviver
Incontido em meu próprio grito
Teu silencio é sanatório
E é notório o quanto me faz mal
Não sobrevive quando é sobre o amor
Vexame maior é não se exaurir
Não precisa defender o meu principio
Mas não afunde de vez com meu o fim.

Quando querer morrer

Quanto desamor
Quando querer morrer
é também matar.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Coração de Cavalheiro

O Homem que se mata, após a perda de um amor
É como o cavalo que é levado ao sacrifício
após ter sua pata quebrada.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hotel Fazenda

Nosso amor não morreu
Ele foi morar em uma fazenda
Junto à nossos cachorros da infância.

Errática


Eu a amava, mas não sabia dançar com ela
Quando rodávamos, nossos pés reescreviam no chão
um anagrama sem ritmo
E sem condução, cadenciávamos o fim.

domingo, 22 de abril de 2012

Groupie


Ela soltou a minha mão
Para aplaudir a banda
E nunca mais voltou a segurar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Real

Só em sua alma eu me fiz visível
Nos seus braços eu contorno a minha unidade
No seu intimo, eu me manifesto
Teus olhos semeiam a minha razão
Teu coração me desmede
Sou da forma que você contemporiza
Tenho a cor que você expressa
E o amor que você escolheu
Mas não sonhe com minha intenção
É no teu hábito que me faço real.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Destroca

Eu te dei um vestido azul, você trocou pelo vermelho
Eu te dei um sapato de couro, você trocou por um de pano
Eu te dei um buquê de lírios, você trocou por um de camélias
E então eu te dei um pé na bunda, antes de ser trocado.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A flor da pele

Tens a pele tão fina
Que atinjo teu coração com uma flor

Com amor é mais caro

- Você passa mais tempo na tv do que comigo
- Mas é claro, eu pago assinatura, eu tenho que aproveitar
- E quando não está na tv, está no computador
- O computador foi caro
- Então tudo tem a ver com dinheiro? Você dá mais atenção aquilo que comprou, que gastou mais?
- Claro que não
- Pois vou começar a cobrar meu corpo, quem sabe assim você não me enxergue melhor.

Sertão

Um poema seco nasce no sertão
Um poema miserável, que afronta o vasto
Um poema pobre de sentido
Que carrega em si
O vento de ser trágico.

Divinare

Nomear o vazio
Seria preenchê-lo
Então que morra assim, sem adivinhação
E quando virar tecido, célula
A ciência vai dizer se é inferno ou céu.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mito íntimo

Preciso desaprovar meu íntimo, desarranjar o sonho de cada terra molhada por vocação. Florear a alma, antes de presentear a carne. Desempossar mitos, para pisar em narciso. Deserdar o inconsciente e arruinar rituais da pele. Desintegrar o fértil, e ver nascer do milagre o comum.
É necessário para meu corpo, desorientar a meditação, e pensar só no novo
Calar o alimento, e multiplicar a palavra, rasgar o princípio, e o fim ser um previsível meio.
Preciso negar a natureza, e ser brutal em espírito, para gritar sublinhando meu nome, só assim deixarei de exibir o desejo
Quando eu reinventar a arquitetura , despojando casas, gramas e vento, estarei do outro lado da minha verdade, decorando outro tipo de afirmação, em um universo paralelo de boas intenções.
E mesmo fracassando em identidade, não repetirei mais nenhuma experiência

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Disposta

Sorri, como se o relicário fosse seu sorriso
Sorri com os olhos, como se tua Iris fosse o próprio ouro
E ri, como se não medisse o estoque da felicidade
Sem segredo, fazendo do próprio cofre o momento
E leva o riso, como matéria prima
Como matéria pluma, para minha escrita
Sorri, nunca sem motivo
Como se a importância estivesse no próprio riso.
Como se guardasse no riso, o que não se poupa na razão.

Desatento

Atento te olho
Te inspiro
Te escuto
Desatento, te amo.

Criaturas

Sou o sonho da sua sombra
Que desvela, se arrasta sem trunfo algum
Tentando deslocar-se da vaidade
Deleitar-se em repouso
Essa tua luz que hoje me remedia
É a emenda da solidão
Serei para sempre sonho da sua sombra
E você, luz de minha benignidade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Palavras

Quando as palavras se fazem inexistentes
Enterro-me em luto
E elas imediatamente caem em meu corpo como flores.

Incompletude

Quando me sinto cheio
Cheio de tudo
Reinvento-me em incompletude

sexta-feira, 23 de março de 2012

Semântica

Te descobrir na prosa
Para te cobrir em poesia
E te amar sem metáfora
Pois não há sinestesia que se compare ao nosso verbo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Colar Havaiano

O colar havaiano que decorava meu peito no carnaval, hoje decora sua porta.
E ver aquele colar, ornando sua passagem, era como um convite para morar em sua casa.
E em frente a entrada,eu colocando o mesmo colar em seu peito, era como se eu dissesse que sim.

Outono

Atina o outono em cada folha átona
Que recai sobre o tempo tônico
Compõem música tonal
Do átimo que se forma em cor
Ou do tenaz que ressoa nos passos.

Greve

O amor quando não breve
Faz greve dentro de mim

segunda-feira, 19 de março de 2012

A mulher que engarrafava sonhos

Ainda dá tempo de te esquecer? Meu coração atrasado, acelera meu pulso, e o meu sangue corre para não perder a hora da tua veia. Posso perder o tempo em que perdi te tendo? Ou melhor, ter o tempo em que ganhei te perdendo? Posso adiantar minha intuição e assim prever que você sempre engarrafa sonhos? Meu batimento cardíaco ignora teus pontos cardiais, e não há nenhuma cordialidade entre minha espera e o teu passo.

sábado, 17 de março de 2012

Quando eu soltava a voz

Eu tinha certeza que a amava, e tamanha certeza, era provida da cantoria no chuveiro. Eu cantava sem vergonha alguma, algum samba sem vergonha. Ah, e como era bom cantar sabendo que você no quarto ao lado cantando em pensamento. Era bom soltar a voz depois de ter me desprendido de tantos medos e receios. Depois de só ter sussurrado na cama. Era hora de cantar a alegria pelos sussurros dados. E eu cantava com o peito que você tinha aberto com teu carinho. E era tão fácil cantar, nosso sexo fazia bem para minha voz. Mesmo que depois um pouco rouco, o gosto do teu corpo na minha garganta, me fazia cantar alto, limpo. Cantar no chuveiro era como enxugar a alma que tinha sido lavada em seus beijos. Depois de murmúrios, rangidos, sussurros, cantar no chuveiro era o meu orgasmo final.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Insuficiente

- Eu te amo, mas não podemos ficar juntos
- E por que não?
- Por insuficiência
-Está dizendo que sou insuficiente para você?
- Não, é por insuficiência cardíaca, meu coração não aguentaria tanta emoção

Sua culpa

Eu não te culpo
Eu culpo a sua falta de compaixão
Se olhasse em meu rosto, eu aceitaria meus olhos
Se me abracasse, eu assumiria meu corpo
Mas você me ignora em silêncio
E a insegurança já é uma grande responsabilidade

Eu não culpo o seu devaneio
Eu culpo a sua falta de tato
Se ouvisse minhas palavras, eu engoliria meu lirismo
Mas você confia demais no tempo
E eu não confio em mais nada.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Quando meu corpo for céu

E quando meu corpo for céu
Farei da tua costela, constelação.
E se a luz se traduzir em vivência
há de clarear em toda invenção, um pouco de crença
Se assemelha em teu vermelho, a minha eternidade
E miro em tua estrela, toda a minha criação.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Absurdo Florido

Sinto falta do teu mosaico em meus ouvidos, como a difusão de notas que embaralham minha visão, suas múltiplas personalidades decorando com pedras meu viveiro. Tua garganta gritando mármore me faz tenaz, mas é em tua pele que me confundo em ouro. Coloca meu coração em cubo, para que eu não respire em liberdade, sem ponto de fuga, só melodia, mancha e fragmentos. E nesse labirinto decorativo, eu me perco na arte de nunca te encontrar. Meus olhos que percorrem padrões de uma cúpula sem culpa, não olham os seus. Minhas mãos que procuram uma só textura, não encontram em teu espaço infinito uma única explicação. Concentre cada limite – pensamento e ignora o mundo. Eu peço o teu absurdo. Mas você insiste em florear minha nuca.

domingo, 4 de março de 2012

Desejo

O desejo não é impreciso, e se pressinto o meu vazio, o delírio te multiplica.
O desejo não é isto,não é definido pela cor que te enobrece, e se pressinto o escuro, meu medo também te ofusca.
O desejo não é disforme, não é amorfo, e se em ti pressinto o deserto, minha vida insatisfeita pinta flor.
O desejo não é desejo, e se em ti pressinto o abstrato, há de ter em um porta retrato um amor.
Mas se meu desejo por ti, precedente de tua carne, for assim um princípio, há de nos amarmos em um cerne sem fim.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Arabesco

Confisca minha palavra. Do livro que queima, a faísca é silêncio. Arisco o significado, da boca que cospe cinzas. Ofusca tua capa, para eu não te julgar em poesia. O ar fisga teu infinito, e o espaço configura sua geometria em meu corpo. E a figa para não se perder no mundo, é a raiz que cresce entre nós. Desse peito arabesco, floresce arroubos em todo bosque. Há mais flores do que letras, e no pronome decorativo de todo amor, reascende o teu nome.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Artista

Deixe-me assim, apático.
Que nada me apetece a não ser o amor
Deixe-me assim, em um oceano ártico.
Congelando cada partícula, até virar patético.
Deixe me virar apenas uma articulação
Entre o teu sonho e o teu medo
E na tísica dissimulação , deixe-me assim artista.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cantando

Exponho-me, do espinho á paz.
Da face que apanha, ao coração que é apunhalado.
Expondo – me assim, espanto os fracos
Como se eu só amasse, cantando.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quando o Zé deixou de ser ninguém

Quando o Zé deixou de ser ninguém
Eu passei a desfiar tua fantasia
e a desconfiar do teu confete
Quando o Zé deixou de ser ninguém,
A ponte que nos unia, virou serpentina
e na repentina ingenuidade eu me pus em seu lugar
Quando o Zé deixou de ser ninguém
Vislumbrei que o ninguém, sempre foi um personagem.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Da tua tatuagem

Para me encorajar, anoiteça comigo.
Eu que não durmo sem tua sintonia
Você que adivinha meu peito, que esvoaça meu sono.
Para cajurar minha noite conjuga teu céu com minhas folhas
Você que prefere cegar minha presença e confundir meu regozijo
E entre conjurações, vou me constranger em sua pele.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A vida que impede o sonho

O que me impede em vida
padece em sonho
O que poda minha lembrança
volta para o pódio da tristeza
Lá no alto, tão pedante quanto minha promessa.
Isso que me pede coerência
é tão pudico quanto o meu amor.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ventar

É preciso ventar
E jogar o sol para abaixo dos seus pés
É preciso salgar as lembranças, antes da maré ressecar.
E quando o futuro se encher de espuma, deixar o relento para amargura.

Acima de quem

A loucura nunca foi um caminho
Acerta quem respira acima do amor
Quem enxerga de longe a promessa e prefere a sombra
Quem primeiro constrói a casa, antes de morar em ilusão
Acerta quem por último pede desculpas
Quem não procura o óbvio não se machuca com o mistério.
E quem de nós dois foi mais um só?
E a incerteza dói mais que o desencontro.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Castigo

Não há mais braços castos
Tudo que instiga traz castigo
e o castigo me gasta o coração
Não estimo nenhum lástima
Nem mastigo nenhum cântico
Somente meu peito rústico
deixará rastros catatônicos.
Perdoe meu pensamento ríspido
é que a tristeza nunca foi insipida.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Paisagem enquadrada

Dentro daquele quarto havia mais fotografias do que paisagens. Eles, cansados, indispostos em qualquer pose, da posse já não querem mais nem mesmo a verdade. O grito na garganta como se toda a vida dependesse apenas de uma única palavra. O desabafo antes lento, ganha velocidade a cada palavra dita :

- Essa tua cara de paisagem, que eu não aguento
- Essa tua cara de banco de praça, onde o sol desbota a madeira
- Aquele banco, sem crianças em volta claro, por que você nunca quis ter filhos comigo
- Essa tua cara de travesseiro, quem dera fosse uma marca de travesseiro no rosto, mas você é a própria cama em um sábado de chuva.
- Eu te via se transformar em banco, cadeira de balanço, em tudo, menos em marido

Ele escuta tudo, calado, como se não fizesse questão de enquadrar seu pensamento, mas como toda cena é feita por indiferença, ele resolve descartar qualquer esquadro :

- Eu que não aguento essa tua cara de janela, essa tua cara de fotógrafa
clicando meu braço, clicando meu mal humor, clicando meu sábado
- Eu nunca consegui ver seu rosto, por que ele estava sempre escondida por alguma câmera moderna
- Esse teu olhar nunca foi seu, você nunca me entendeu, por que nunca olhou o vazio, tudo que era vazio, você ocupava com enfeites ridículos.
- Você desfocou todo sentimento, a favor de uma luz que nós nunca nem tivemos.
- Eu te via transformar tudo em paisagem, até mesmo nosso amor.

E tudo acaba em cinzas.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Da espera como invenção

Não há pureza em nenhuma espera
A espera é espuma de um rio que nunca confluiu com nada
A espera expele o que há de mais incólume
É o lume que me deserta sem me queimar
Que lima todo pensamento da lembrança
Não há pureza em nenhuma espera, nem na espera como invenção.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Satirizando o vazio

Ando satirizando toda minha sorte
Espreitando-me de espanto
No de repente que consola meu canto
Sucessivas palavras sem sucesso
Intercalando meu silêncio interno, e calando meu vulto
Meu grito corre em sua fisionomia, tornando meu coração vítima
Ando explicando o que não se aplica a razão
E respondendo o que não se pode enxergar
Ando explanando todo esplêndido
Expondo o que em mim há de pendente
Como um pêndulo que revela o vazio.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Aquário

A quanto andas
Há quanto nada

Arredonda-se a minha visão
Na curva do teu abrigo

Da redoma que ilude eu me redimo
Sou eu que mergulho em distorção

Eu que não sabia lidar com teu vidro
Híbrido de fraqueza e tenacidade

Do feixe de luz que morre pela minha boca
Prefiro a realidade do seu aquário

Amor

Em tudo que eu coloco amor
fica maior que o amor que eu coloquei.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tempo - Espaço

O meu tempo encontrou o seu tempo
E o que em mim era espaço, hoje é só amor.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Espera

Eu, perito em bater em sua porta
No ímpeto de esquecer a chave, nenhuma imperfeição é bem vinda
O nó na garganta não me enobrece, nem desata no abraço
Através da distração, traço o revés da espera
No chão o tapete que só para me tapear, não voa
Eu, perito em bater em sua porta
No ímpeto de esquecer a chave, na queda dura, me fechei em saudade.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Quantas mulheres um homem pode amar?

- Com quantas garotas você transou enquanto estávamos separados?
- Não sei, acho que só com uma, é isso mesmo, com uma só
- Putz isso é pior do que ter transado com várias
- Como pode ser pior?
- Por que se foi só com uma, significa que foi especial

Póstumo

Como de costume, eu morro um pouco antes de te ver
Morro um pouco, que é pra ganhar vida em seu abraço, na contrapartida do meu cansaço
Morro um pouco na contramão da nossa espera
E o meu oposto, será meu póstumo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sangra

Se for para arranhar meu sonho, gaste as unhas em meu corpo
Se for para suspender meus pés, antes decore meu equilíbrio
Se for para acossar meu osso, que primeiro desbote minha pele
Se for para rasgar meu gesto, que seja para vislumbrar meu vício
Se for para fotografar, que não seja meu fastio
Se for para rebuscar minha língua, gaste tua boca com teu cigarro
Se for para enfeitar, me enfeite de sangue.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Seu Nome

Invado seu nome
Revirando - me entre seus espaços
Na variação do que me invoca
Revogando- me entre suas vogais
Na litragem de cada letra que ecoa, calculo o meu sim
Nas consoantes sou teu choro
Invado seu nome
Reviro, desviro, me debruço
Desconstruo a pronuncia
para que meu coração pare de te chamar.

Habita no Capital

Tudo que é imposto. empesteia a cidade
Do pasto sem pistas que se forma sem informação
Da justiça postiça que ouriça sem piedade
A pessoa talhada do chão, até ficar alheada e sem partido
O Dinheiro empilhado que ilha a humanidade sem nenhum pinheiro
Desabriga e obriga a fugir sem caminho
Desocupa a palavra direito, Desencapa a farda, descapa a culpa
Esvazia a dignidade, e habita no capital, sem apitos na mão de indigentes
Índios com indícios de pele, de marca, e de cicatriz
Da Massa Falida, massacra pelo fálico poder da palavra final.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Travar minha estrofe

Filtrar o seu limite
Confinar nossos corpos o limítrofe
Travar minha estrofe em sua garganta
Do trofeu que fenece sem mãos
E trovoar a solidão em tua cantiga
Antiga transfiguração de um céu trivial
Coar seu eco dentro de minha distância
E o que ficar em mim, liquidificar em tristeza

Prostrado em prosa

Em quantas repetições você vai me repartir?
Repentina pena repensada em rapsódia
Quantas reprovações vão reprisar em sua boca?
Até reprimir o prazo de tua culpa
Do prezado tempo que te aprisiona, entre o previsível e a pressa.
Prostrado em prosa, provando da tua poesia.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pernas em Transe

As pernas que desciam aquela escada, tremiam, tremiam como despedidas ocas, como dúvidas que o vento não leva. As pernas que desciam aqueles degraus, tremiam como arrependimentos de quem não saúda a boa sorte, tremiam como pontes em desábito, como guarda chuvas velhos que de tão usados ornamentam o vazio. Pernas que desacostumadas a enfeitar corpo, desarquitetaram qualquer proporção raciocínio - coração , sem edificação, só respiro e pernas.

Interiores

Ratifico a reação
De toda teoria que te faça ser minha
Retiro sua dúvida
Sou rei de sua tenra retórica
Reitero a metade que me rapta
Permanecerá inteira em meu interior

domingo, 15 de janeiro de 2012

Feitiço sem vila

Retalha o cetim que desperdiça o confete
Quebra o feitiço que desvela qualquer sol que vai embora
Teu samba fatiado não facilita os meus passos
Valei -me de choro para que não haja navalha
E não é do meu feitio guardar um amor no peito

Melancolia

Minha agonia onírica na contramão de uma celebre árvore
sem mistério interplanetário que me faça só
se em ti sou cálice, minha sede é milagre
Quando a melancolia colidir com meu peito
Será um alívio ser extinto da tua terra

Tábula

Seu paladar pálido
deixou minha língua rasa
e sem um dedo de prosa
calei minhas mãos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Lâmpada

Essa lâmpada que insiste em queimar
Esse lampejo que me assusta
Oscilação é ingenuidade
Essa lâmpada que insiste em me queimar
Que me manda dormir
Abaixo,meu corpo que será sempre luz
Acima o teu, que será sempre noite
Essa lâmpada, gênio da lua, que me manda ser humano
Essa maldita lâmpada
Não vê que sonho não eletrifica nenhuma vizinhança?
Não vê que sonho não é um pedido, e muito menos não acontece ao meio fio?
Essa lâmpada, senhora de si
não vê que sonho não é ciência?
Essa lâmpada que milagrosamente queima,

Negação

Eu não conheço o seu nada
Também não prendo o seu oposto
Nunca senti o extremo da sua presença
Nem a totalidade da sua ausência
E não, isso não é negar
Não podes negar o que eu não conheço.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Eletromagnética

Já que não sente nenhuma fração
Nenhuma fricção de minha memória e teu pensamento
Certifique de ser ciência, esse teu andar no meu espaço
Esse teu andar sobre as ondas do que poderia ser nosso mar
Eletricamente fugas
Transitando sobre teus ares inconcebiveis
Recebe de mim a distancia
Para que haja no tempo condições de ser feliz
Para que se transmita o acaso numerológico
para normais que buscam o êxtase
A saudade é eletromagnética, mas em você nada paira.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Amantes

Seu medo não tem pressa
Acalma o instante
meus olhos lhe dirão, se é sono ou se é morte
Desafogue o agito
Nesse teu peito que já não existe espera
Compreendes o mar sem amantes?
A minha terra sem tua deixa, é terra infértil
A sua liberdade não ecoa pois em liberdade se deita
E os escafandristas não exploram o silêncio
E eu não guardo em armários o que não tem validade

Ele

Verte o ébrio do equilíbrio
Da vértebra que centra tua segurança
Coluna que é lacuna do seu espaço
Tão reto teu desejo quanto fácil
Teu osso não esconde nenhum descompasso
Teu corpo que anda e desmanda no meu
E meu abraço sem adoração ficara imune a tua loucura
Subsidio de pele na pele dele
Serás dele
A boca que agradece o sossego
O dedo que em riste aponta a cama
E a bandeira da paz hasteada em sua espinha dorsal

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Impossível

Não vês o quanto é improvável
Esse teu horizonte ávido por vivencia?
Vocalizando em minha mente só por experiência
Deletérios por deleite
Dilatando as horas, tentando em mim decodificar teu limite
Encostando-se a mim seu elogio eloqüente
Sem previa, apenas me privando da decadência
Não vês o quanto é imprevisível?
Verticalizando toda imprudência
Destreza de esquina, decantando em toda rua.

Cópia Fiel

Esse vidro que fica em mim
Como se me cortasse em sua cópia
Como se melodiasse sua essência
Sua boca reinventa a divindade assoviando demônios inofensivos
Esse seu corpo infiel para minhas mãos e incongruente para minha direção
Leva seu corpo para longe do meu e diz que é vontade de deus
Há sempre um pedaço de liberdade em toda apoteose
Consagra teu sangue, é de bom grado ser assim tão solitário
E esse vidro que fica em mim
Pedaço de liberdade que não se despede sem antes me cortar
Como se me fatiasse em sua cópia tetricamente forjada
Emancipa seu vicio e é da tua fome que me enfeitarei
Serei um pedaço seu, o pedaço que nega a morte
O pedaço da estante com flor
E quando se livrar de mim, serei a copia fiel de tua tristeza.

Frente

Eu reverencio a tua essência
Reinvento o sossego com a sucessão de formas
Aponte desmonte a mente, apara a transgressão
Imerge, interage, corte a falha que ficou
Rasga tua cor metálica da geometria dos teus passos
É tão fácil ter pés de alumínio enquanto abraço o fastio
E essas pessoas que nos carregam, como submarinos permanecem sem poesia
Querem nos moldar em ondas, nosso força dobradiça
Constrói a dor sem solidão
Rompe o dicionário, transcreve a terapia no meu corpo com palavras sensórias
Dicotomia, somos dois bichos que se mexem sem nenhuma finalidade
Não feche a janela se não morremos.