sexta-feira, 30 de setembro de 2011
O melhor jeito de dizer
- Que lindo isso amor, que poético.
- Po, poético nada, eu só to tentando dizer que to gravida.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Fragmentos de Agenor
Ele se posicionou ao lado da geladeira, enquanto ela procurava alguma coisa para preencher o vazio da mente e da barriga. E a cada vez que ela abria a geladeira, enquadrava um plano perfeito dos olhos dele, era como se a geladeira equilibrasse a altura dos dois, embora ele nem tenha percebido isso.Por muitas vezes ela abria a porta , só para melhor ver seus olhos, e quando fechava, havia algo de estranho com o restante do corpo dee, foi então que ela percebeu que havia se apaixonado somente pelos olhos de Agenor, tá bem, não só pelos olhos, mas do nariz para cima, mais precisamente metade do nariz, que era onde a porta da geladeira cortava. Nesse minuto Elis ficou imaginando como seria se Agenor fosse só aquilo, só uma cabeça flutuante dizendo que a amava, será que Elis conseguiria amar uma cabeça flutuante? E de tanto imaginar fragmentos de Agenor, Elis esquecera completamente como era o resto do rosto e do corpo de Agenor, era como uma peça de quebra cabeça esquecida e perdida embaixo de um sofá, ou engolida por um gato qualquer. Elis se manteve paralisada, com a geladeira aberta, e pensativa, como será que era a boca de Agenor, será que eram lábios carnudos, será que eram vermelhos? Havia algum cavanhaque? Elis perdia totalmente a coragem de fechar a geladeira e se deparar com uma imagem que fosse longe de sua concepção.Foi quando Agenor abriu o freezer, o quebra cabeça se tornou ainda mais confuso, Agenor se tornara só um nariz, e Elis pensou que, definitivamente,não era capaz de amar um nariz, ainda mais um nariz que era meio torto, protuberante como aquele. Elis decidira fechar a porta, finalmente havia enjoado da brincadeira, suspirou em alivio quando viu o Agenor por inteiro, e a cada passo de Agenor. Elis colocava a mão a baixo de seus proprios olhos cumprindo o papel da geladeira, mas quando retirou a mão o que viu foi um absurdo, Elis havia cortado Agenor em fatias, e como disse o poetam, ninguem consegue abraçar um pedaço.
sábado, 24 de setembro de 2011
Despotismo ébrio
Ele vendo o jogo de futebol, ela lavando o jogo de jantar
Ele pede, ela vai
- Amor, me traz uma cerveja?
- Claro, paixão
Passa-se alguns segundos
- Amor me traz outra?
- É pra já
Mais alguns segundos
-Amor, tem como você trazer outra?
- Já to indo. Diz sem muita paciência
Ela entrega nas mãos cegas de seu marido, e retorna a cozinha, mal dá tempo dela chegar a pia, e já o escuta
- Mais uma amor
- Ok
Ela limpa a mão no pano de prato, retira o avental, e cruza a sala sem dizer nada, ele imaginando que a cerveja acabou e que ela vai buscar mais, sorri satisfeita.
Ela volta aparantemente sem cerveja alguma, somente com um objeto meio retangular, que ele nem presta muita atenção.
Ela vai até a cozinha desembrulha o tal objeto, e o estaciona do lado do sofá
- Pronto, isso é um frigobar, e está cheio de bebida
Ele sem desviar o olhar do jogo, diz :
- Mas para que eu quero um frigobar do meu lado, se a graça é pedir pra você trazer a cerveja?
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Vertigem
Vai ver a vertigem
Vai ver a vertigem, tingir a cor dos olhos
A vértice do pensamento
Ver tingir a cor dos olhos
Ver tingir a vértice
da virtude que despreza
A vertigem converte tudo em viagem
Verte o gim
Verte o gim
Vestígio.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O destino de Marc
Sinto-me tão cansado quanto um cavalo prestes a morrer
Tão cansado, que o tormento já não arde e as árvores tropeçam em meu domínio
Da autônoma graça, a natureza perde suas veias
vou do heroísmo à impotência, enquanto sangra o retrato
Sou como uma flecha que incomoda o equilíbrio
Deus não acrescenta mais linhas sem antes tencionar a vida
Pode o homem ser maior que um raio?
Distorce a distancia da curva que é golpe
A indelicada travessura da nada gentil avenida
A destruição é velha, e só rejuvenesce a força
sábado, 17 de setembro de 2011
Molhar o Bico
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Sem Roupa-Nova
terça-feira, 13 de setembro de 2011
No centro do meu mundo, não há nenhuma árvore
para me soltar do suicídio
do tempo que protesta meu ócio
das pernas que abrasam em necessidade
Do desejo se fez obrigação
Da corrente que Deus leva
só a oração me desconcentra
Meu coração barato, bate devagar, parado
só se encare no susto
Quem me dera a nostalgia me assustasse
mas é do passado que o espirito sobrevive
A arte já perdi, por esquecer tuas imagens
e esquecendo, me liberto do estranhamento, desfamiliarizando a dor
Toda morte é entrega
e eu não passarei pela porta sem antes entende-la.
Ilumina e vai embora, desfaz o conhecimento
Quando o tudo for abstração, valorizemos o nada
A indolencia é cara, e eu pago por não gastar meu tato
Por não gastar meu reflexo, me angustio
E a angustia é o dialogo da consciencia com o meu vazio.
domingo, 4 de setembro de 2011
O mal não sabe dançar
Antes que os males chegue aos meus ouvidos
No céu não há valsa
E o cético dita um passo pessimista
Não me espanta o vento, que pisa em teus pés. Nem a chuva que desalinha tua cintura
Da natureza que faz teus coretos, só o ritmo se torna dia
E em desarmonia o rei grita
É que o mal não sabe dançar
E o bem quase sempre desafina.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Pássaro Selvagem
Não ousaria pensar, para que não pousasse em meu peito.
Hoje prefiro que voe sem asas subestimadas.
Do teu canto fiz despertador. Canta e parte
que é do teu parto que renasci.