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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Mauricinho e o Sábio

Ele bebe,não liga se o copo está sujo ou não,mete a mão nos amendoins,e come com voracidade,como quem nasceu para aquilo.Não ve,mais nada em sua frente,só sua gula,e disposição.Não importa o que tem no copo,importa o lugar que está.Quase sempre escuta as conversas dos outros,já que ele mesmo,não tem com quem conversar,todas as noites é a mesma coisa,joga a isca,e espera,algum olhar mais questionador,ou complacente,ou até mesmo alguma frase erronea.Neste dia, presenciei o de costume,o servi do mais puro alcool,e de antemão,já me posicionei,para aquiloque seria meu deleite.Todas as noites,podia me entreter com belos interrogatórios,e debates.
.Não ia demorar para acontecer,e logo avistei o interlocutor da vez,era um desses mauricinhos,que depois de duas cervejas já estão embriagados,totamente o contrário do nosso sábio.O mauricinho,provavelmente chamado Junior,olhava obcessivamente a mulher em sua frente,literalmente a comia com os olhos,proporcionando em sua mente,orgamos multiplos.
.Ela não notou o olhar,e continuou com seu drink,alguma coisa tão moderna,que o sábio,não conseguiria pronunciar o nome.
Ao ver o olhar obcecado do playboy,para a senhora de vestido azul.O sábio foi logo o interrompendo,sua voz não era só capaz de fazer o rapaz perder o foco mas também de atrair a atenção.
Palitando os dentes,o Sábio disse : - É que você,nunca a viu trabalhando.
O mauricinho,todo engomado,olhou para o lado,e sem entender,fez um pequeno som,que se assemalhava com um AHN?
- É,é isso mesmo,é que você nunca a viu trabalhando.
O mauricinho,no ápice do seu tesão,assimilou a loira,e a palavra trabalho,com prostituição logicamente.
- Ela cobra quanto?perguntou o playboy,já sabendo que não importava o quanto ela cobrasse,teria dinheiro suficiente para paga-la.
- Mais respeito,seu moleque,ela não é puta não,pelo amor de Deus.
- Mas,mas..eu pensei,que.... disse o playboy,gaguejando em sua vergonha.
- Pensou errado,o que to querendo dizer,é que se você a visse trabalhando,perderia o encanto.
- Por que?ela é professora?
- Não cara,não importa a profissão,ela pode ser enfermeira,dublê,Cozinheira,mas ela,em seu ambiente de trabalho,poderia não chamar sua atenção,entende?aqui,ela é linda,e única,mas quando se mistura as outras,se torna somente mais uma.
- Mais uma?ela?fazendo com que seus olhos a apontasse. - nunca.
- É a grande massa garoto,a grande massa de pessoas,é sempre asssim,o ser humano,só se destaca,em um lugar,em uma noite,para uma única pessoa.
- Então quer dizer,que se eu a encontrasse em outro lugar,ou em uma outra noite,eu não me encantaria com ela?
- Sim,se você encontrasse essa mesma mulher no metrô,ela voltando,da faculdade,cansada,suada,você provavelmente a ingnoraria,mas especialmente hoje,ela se tornou bonita e iluminada.
- Não,eu acharia ela bela,em qualquer situação,lugar,ou dia,acharia ela linda se a encontrasse chorando.
- Desse jeito,ela se tornaria linda,por estar frágil.
- Então tudo bem,eu a acharia linda,se a encontrasse catando papel na rua.
-Hum,assim,a acharia linda por pena.
- Não,por ser bonita mesmo.
-Não acredito em você garoto,e repito,você só a achou bonita,hoje,por ela ter escolhido esse vestido,estar sorridente,talvez por ter tido uma promoção no serviço,e ser uma das poucas garotas no bar.
- Se você pensa assim,nunca vai casar,vai achar sua esposa bonita em um dia,e no outro não.
- Eu sou casado,meu jovem.
-Ah é?E como faz para sempre achar sua mulher bonita?perguntou o mauricinho,tentando colocar o sábio em saia justa.
- Simples meu caro,eu amo o que está dentro dela.

Um comentário:

Ana Clara Fujimori disse...

Nossa, essa você mandou bem, meu bem!
Amar o que está dentro. Quantos sábios ainda existem por aí?