Páginas

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O teto

Ela não gostava do pessimismo dele,ele,por sua vez,odiava o jeito como ela era efusiva,mas como diz o velho ditado dos opostos,um dia se casaram.Todas as brigas se davam por esse motivo,ele sempre dizia que os dois iam acabar terminando,ou que felicidade não existia,muito desses pensamentos eram impostos,por livros que desde pequeno lia,como os de Shopenhauer,kant.Ele era existencialista demais para ela,e ela romantica demais para ele.Mas ele não se achava pessimista,se achava realista,isso é o que todo pessimista fala,era a resposta dela - Nenhum pessimista,se acha pessimista.Em uma noite de calor,janela aberta,ela passando creme em seu rosto,e ele ao lado lendo algum livro do Nietzsche,os dois na cama sem sono algum,ela olha o teto e e ve rachaduras,bolor e outras coisas imperfeitas,faz uma cara de desaprovação e comenta
- Olha esse teto que horrar,quanta rachadura,bolor
Ele,sem tirar os olhos do livro,e aparantemente sem deixar de ler,responde
-Teto sem bolor não existe, é normal isso tudo,depois eu que sou pessimista né?
Ela surpreendida com sua resposta,diz em um tom mais alto
- Qualquer hora,vamos dormir,e esse teto vai cair sobre a gente
ele repara na deixa,e responde
- Morrer dormindo,é sempre o que eu quis.

Não,ele não se achava pessimista.

Um comentário:

Marcela Brunelli disse...

É um bom pensamento sobre um dos modos de morrer dormindo.
Tá ficando bom em prosas poéticas e afins, hein!
Muito bom, o texto!
Bjinhos